16 de mai de 2024 às 16:29
O padre jesuíta Arnaldo Zenteno, de 91 anos, morreu no último sábado (10). Ele foi forçado a deixar a Nicarágua pelo regime do presidente Daniel Ortega, ex-líder guerrilheiro de esquerda que soma mais de 30 anos no poder, que confiscou sua casa em Manágua, e a Universidade Centro-Americana (UCA), administrada pelos jesuítas.
“Na sexta-feira, 10 de maio, ao meio-dia, Padre Arnaldo Zenteno, SJ, faleceu na comunidade de Santa Tecla, em El Salvador, país ao qual havia chegado depois do fechamento da Universidade Centro-Americana na Nicarágua”, afirmam os jesuítas da América Central em nota publicada em seu site na terça-feira (14).
O governo da Nicarágua expropriou todos os bens e contas bancárias da UCA sob a acusação de “terrorismo” em 15 de agosto do ano passado.
Quatro dias depois, a polícia e os procuradores do regime expulsaram seis jesuítas da sua casa em Manágua, incluindo o padre Zenteno, apesar de os jesuítas terem apresentado provas de que a casa era propriedade particular deles, não da universidade.
A Nicarágua revogou o estatuto jurídico da Companhia de Jesus em 23 de agosto do ano passado e ordenou a transferência de todos os seus bens para o Estado. A ordem religiosa condenou a decisão no mesmo dia e pediu ao regime que “cessasse a repressão” no país.
Quem foi o jesuíta Arnaldo Zenteno?
O padre Arnaldo Zenteno nasceu no México em 17 de dezembro de 1932.
Zenteno ingressou no noviciado jesuíta em 1948, aos 16 anos. Estudou filosofia e teologia entre 1956 e 1964. Foi ordenado sacerdote em 1963.
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O padre mudou-se para a Nicarágua em 1983, onde atuou em diversos projetos sociais, “especialmente das comunidades eclesiais de base”, segundo os jesuítas da América Central.
O regime da Nicarágua e a perseguição contra a Igreja Católica
O Relatório do Inquérito da Nicarágua: O silenciamento da democracia na Nicarágua foi apresentado ao parlamento britânico no início do mês passado.
O documento aborda a “perseguição por motivos políticos contra os meios de comunicação, os líderes religiosos”, como os da Igreja Católica, “e a oposição na Nicarágua”.
O relatório indica que, desde 2018, “mais de 12% da população da Nicarágua deixou o país” e que “só na vizinha Costa Rica existem mais de 230 mil pedidos formais de refúgio.”
A advogada e pesquisadora Martha Patricia Molina, também preparou o relatório Nicarágua: Uma Igreja Perseguida?, cuja última versão contabiliza 667 ataques e agressões dirigidas à Igreja Católica na Nicarágua, desde 2018, aos quais se somam outros 70 contra confissões cristãs.
Uma das últimas agressões do regime foi a operação que mobilizou 4 mil policiais em mais de 400 paróquias da Nicarágua, para controlar as celebrações e garantir a proibição do regime a procissões durante a Semana Santa.
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