Cardeal Fernández diz que novas normas sobre aparições enfatizam “cautela”

O prefeito do dicastério para a Doutrina da Fé, cardeal Víctor Manuel Fernández, deu uma entrevista coletiva na última sexta-feira (17) sobre as novas diretrizes da Santa Sé para avaliar aparições. Segundo o cardeal, as novas normas ajudarão a introduzir maior prudência no processo de discernimento.

 

“A Igreja afirmou que os fiéis nunca são forçados a acreditar nesse fenômeno. Eles nunca são obrigados. Não há obrigação”, disse Fernández durante a coletiva na Sala de Imprensa da Santa Sé, no Vaticano, na última sexta-feira (17). “A Igreja, de fato, deixa os fiéis livres para dedicar sua atenção a esse fenômeno ou não. A revelação que já ocorreu é a palavra de Deus. Contém tudo o que precisamos para a nossa vida cristã”.

 

O documento intitulado Normas para proceder no Discernimento de presumidos fenômenos sobrenaturais divulgado na última sexta-feira (17) estabelece novas orientações sobre as aparições marianas, revogando um antigo documento emitido em 1978, durante o papado de são Paulo VI.

 

Ao falar que essas novas normas estabelecem um conjunto de diretrizes pragmáticas para auxiliar o ordinário local, assim como o dicastério, Fernández disse que “alguns fenômenos que poderiam ter uma origem sobrenatural às vezes parecem estar relacionados a experiências humanas confusas”.

 

Ao falar especificamente sobre o papel dos bispos no processo, o cardeal observou que houve casos em que bispos emitiram decretos sobre aparições dizendo que esses eventos “devem ser considerados verdadeiros” e que os “fiéis devem crer, devem crer nisso”.

 

“Muitas vezes os decretos do bispo usaram essas palavras”, disse Fernández.

 

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Ele enfatizou que essas novas normas ajudarão os bispos a “terem um caráter prudencial para que os fiéis possam aceitar isso de forma prudente”.

 

“A ação pastoral dos bispos e as situações podem ser muito diferentes e, por isso, decidimos ter seis conclusões possíveis. Se olharmos para a história, para os diferentes casos, reconhecemos diferentes tipos de situações que podem ser localizadas basicamente dentro dessas seis possibilidades”, acrescentou.

 

As novas normas traçam três etapas para o processo de discernimento. No final do processo de avaliação, o bispo local e um delegado nomeado por ele para supervisionar os trabalhos da comissão devem preparar um “voto pessoal” no qual o bispo propõe ao dicastério um julgamento final. Essa decisão normalmente seguirá uma das seis fórmulas, uma das quais é o nihil obstat (nada consta, em latim), pronunciamento que significa que não há objeções doutrinárias.

 

“Mesmo se não se exprime nenhuma certeza sobre a autenticidade sobrenatural do fenômeno, reconhecem-se muitos sinais de uma ação do Espírito Santo ‘em meio’ a uma dada experiência espiritual, não tendo sido relevados, pelo menos até aquele momento, aspectos particularmente críticos ou arriscados”, afirma o documento.

 

Ao basear-se em exemplos bíblicos, Fernández disse que “desde o início da Igreja, o próprio Espírito Santo, com carismas, promoveu o necessário discernimento dessas manifestações. Depois de 2 mil anos, a Igreja ainda cuida dos fiéis, ajudando-os a serem dóceis ao Espírito Santo”.

 

“Essas novas normas estão em continuidade com essa tarefa”, disse o cardeal.

FONTE: ACI Digital

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