26 de abr de 2024 às 13:32
A Conferência Episcopal da Inglaterra e de Gales (CBCEW, na sigla em inglês) condenou a mudança de sexo medicinal e social em uma reflexão pastoral divulgada na quarta-feira (24), ao mesmo tempo em que encorajou uma resposta “sensível”.
A CBCEW defendeu, na declaração Intricately Woven by the Lord (Intrinsecamente Tecida pelo Senhor, em tradução livre), o cuidado pastoral baseado na “aceitação (…) do corpo como foi criado”.
“Não podemos encorajar ou dar apoio a intervenções médicas cirúrgicas ou medicamentosas que prejudiquem o corpo”, diz a declaração. “Também não podemos legitimar ou defender um modo de vida que não respeite a verdade e a vocação de cada homem e de cada mulher, chamados a viver segundo o desígnio divino”.
“Pelo contrário, quando uma família ou pessoa que vive esses desafios busca ser acompanhada em seu caminho cristão, o nosso objetivo é ajudá-la a redescobrir e valorizar a sua humanidade tal como foi concebida e criada por Deus: corpo e alma”, acrescentam os membros da conferência episcopal.
No comunicado, a CBCEW dirige-se especificamente aos “membros adultos de nossas comunidades católicas que escolheram fazer a transição social e médica”.
“Vocês ainda são nossos irmãos e irmãs. Não podemos ficar indiferentes às suas dificuldades e ao caminho que vocês possam ter escolhido. As portas da Igreja estão abertas para vocês, e vocês devem encontrar, de todos os membros da Igreja, um acolhimento compassivo, sensível e respeitoso”, diz o texto.
Segundo um censo de 2021 divulgado em 2023, 0,5% dos residentes ingleses e galeses (262 mil) com mais de 16 anos se identificam com o sexo oposto ao natural. Estima-se que 300 mil jovens nos EUA se identifiquem com o sexo oposto, e quase uma em cada cinco pessoas que se identificam com o sexo oposto têm entre 13 e 17 anos, segundo um estudo de 2022 do Williams Institute.
A conferência episcopal abordou a polêmica questão da transição médica para menores de idade. A Inglaterra proibiu a prescrição de bloqueadores de puberdade a menores de idade em março deste ano. Cirurgias de mudança de sexo e bloqueadores de puberdade foram recentemente “suspensos” na Escócia.
“A intervenção médica para crianças não deve ser apoiada. A ‘transição’ social pode ter um efeito formativo no desenvolvimento de uma criança, e isso deve ser evitado com crianças pequenas”, diz o texto da CBCEW.
Segundo um estudo recente da Mayo Clinic, os bloqueadores de puberdade podem causar “danos irreversíveis”, em particular aos meninos. Em 2022, um estudo americano revelou que o uso de bloqueadores de puberdade em crianças causa danos irreversíveis à densidade óssea.
A conferência episcopal disse que “cada pessoa é uma espécie de mistério – para si mesma e para os outros – mas não para Deus, que moldou cada um de nós em segredo”.
“O acompanhamento pastoral deve decorrer da aceitação e celebração do corpo como criado, do respeito pelos pais como educadores primários e da manutenção das melhores práticas em termos de salvaguarda dos princípios”, diz a declaração.
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“Aqueles que oferecem um acompanhamento pastoral particular às pessoas com disforia de gênero precisam de uma compreensão clara da visão e compreensão católicas da pessoa humana e uma visão holística da sexualidade humana”, disse a CBCEW. “Seu trabalho deve ajudar os jovens a ‘discernir como Deus os chama para encontrar a verdadeira felicidade’ “.
“Essa formação e competência são vitais para garantir que os testemunhos e experiências vividas daqueles que lutam com sua identidade de gênero possam ser devidamente compreendidos e recebam respostas de uma forma que honre a sua percepção da realidade, particularmente quando ela é dolorosa. Ao mesmo tempo, somos encorajados pelo papa Francisco a acompanhar os outros a uma completa apropriação do mistério da nossa natureza humana”, continua o comunicado.
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