26 de abr de 2024 às 12:12
Na próxima segunda-feira (29) começa a I Convenção Geral da Federação Regnum Christi desde que seus estatutos foram aprovados em 2019, depois que vieram à tona abusos sexuais e de poder envolvendo, principalmente, o fundador dos Legionários de Cristo, Marcial Maciel.
Regnum Christi se define agora como um corpo apostólico e uma família espiritual com quatro vocações cuja direção está a cargo de um Colégio Diretivo, formado pelos diretores gerais dos Legionários de Cristo, dos Consagrados e Consagradas do Regnum Christi, com a assistência de dois leigos com voz e voto consultivos.
Desde 2019 “andamos sem muletas”
O leigo Álvaro Abellán-García disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que a instituição passou “muitos anos na Unidade de Terapia Intensiva, com a presença curativa da Santa Sé”. “Embora o mais fácil fosse se esconder, o Senhor, através da mediação da Igreja e graças ao testemunho de muitos que não soubemos ouvir a tempo, conduziu-nos à luz e na luz está nos purificando”.
Desde 2019, com os novos estatutos, “já andamos sem muletas”, disse. Um tempo em que “o governo colegial, a crescente corresponsabilidade dos leigos e a maior participação de todos no discernimento apostólico” foram fundamentais.
“Ainda temos um longo caminho a percorrer e não estamos todos no mesmo ponto”, reconheceu Abellán-García. Ele também disse que está convencido de que a Federação “está hoje mais preparada do que há 15 anos para tornar o Reino de Cristo presente”.
“Assumir o passado sem ficar imóveis”
Nancy Nohrden, diretora-geral das Consagradas do Regnum Christi, disse que foi trilhado um importante caminho de renovação “cheio de experiências e aprendizados, assumindo o passado sem ficar imóvel diante dele, buscando responder às necessidades do mundo e da Igreja”.
Neste sentido, a Convenção Geral que começará na próxima segunda-feira em Roma, começa “além do ‘quilômetro zero’” com a convicção de que “a esperança no futuro e a confiança naquilo que Deus quer para nós estão cada vez mais presentes”.
É uma esperança “que continua fresca, mesmo quando nos damos conta de que somos frágeis, porque Deus é mais poderoso. E uma esperança que não se assusta diante do aparente fracasso humano, porque Deus tem outros critérios, outra lógica, outros planos”, diz ela.
Um discernimento “em saída”
Francisco Gámez, o outro leigo que faz parte do Colégio Diretivo como assistente, disse que, entre 2013 e 2018, quando foram aprovados os novos estatutos, a Federação viveu “um processo de discernimento interior” em que “percorreu uma renovação institucional em paralelo com a renovação espiritual.”
Desde 2019, a tarefa tem sido “colocar em funcionamento ambas as dimensões”, a da organização canônica e a espiritual. “Agora, ao chegarmos a 2024, o Espírito Santo nos pede um discernimento em saída, para fora, apostólico”, disse Gámez.
Isto significa que “Deus nos pede para sair, levando na bagagem a experiência que vivemos, os sofrimentos e as alegrias que passamos, para dar um testemunho de esperança e de um Deus que é todo misericórdia e amor”.
Encontrar uma forma de ter essa presença num mundo “que está cheio de distrações”, disse Gámez, é exigente. Mais ainda é que “com toda a humildade encontremos as ações a que Deus nos chama”, disse. No entanto, ele está confiante porque “para Deus nada é impossível”.
“Colocar tudo isso na oração e na comunhão será precisamente o discernimento que esperamos ter. Responder à pergunta ‘Onde está o que vocês querem para o Regnum Christi?’ será um dos principais frutos desta convenção”, disse.
Além das dificuldades
Como é evidente, o itinerário percorrido por aqueles que compõem a nova Federação não foi isento de dificuldades.
Félix Gómez Rueda, diretor-geral dos Leigos Consagrados do Regnum Christi, disse que “enfrentar as dificuldades de implementar uma nova forma de governo não é simples, tendo em conta a complexidade da extensão da presença do Regnum Christi no mundo [está presente em quase 40 países nos cinco continentes] e um grande número de questões práticas e operacionais”.
Para Gómez, a Convenção Geral “é uma forma muito importante de enfrentar estas dificuldades” e nela serão analisadas as limitações, os avanços e os desafios. No entanto, disse, “não queremos parar por aí”, mas o objetivo é encontrar “caminhos para melhor servir a evangelização da sociedade” ajudados pelas “contribuições das diferentes localidades do Regnum Christi e sempre abertos à ação do Espírito Santo”.
Promoção da corresponsabilidade dos leigos
O padre John Connor, LC, diretor-geral dos Legionários de Cristo, disse à ACI Prensa que os membros da congregação religiosa encaram a I Convenção Geral “a partir do compromisso de serem apóstolos para a Igreja e para o mundo, mas não sozinhos, mas no Regnum Christi, como corpo apostólico único e família espiritual”.
Farão isso “promovendo e participando generosamente na colegialidade, na missão, no discernimento, na oração; juntamente com todas as vocações do Regnum Christi e promovendo a crescente corresponsabilidade dos leigos”.
Para o padre Connor, a forma específica como os Legionários de Cristo vão viver esta Convenção Geral envolve também participar “como comunidade de apóstolos junto com todos os membros, dando contribuições e complementando-se”.
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“Pedimos constantemente a Deus para que possamos continuar a ser dóceis ao seu Espírito que renova, enche de frescor e traz novidade”, concluiu.
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