24 de out de 2024 às 13:08
O Mosteiro de Santa Maria Mãe da Igreja foi inaugurado ontem (23) em Palaçoulo, Miranda do Douro, na diocese de Bragança-Miranda. É o primeiro mosteiro trapista, isto é, da Ordem Cisterciense da Estrita Observância, em Portugal.
Trata-se de um “oásis de silêncio que é, ao mesmo tempo, uma palavra para o mundo”, disse o arcebispo de Braga, dom José Cordeiro, na missa de inauguração do mosteiro.
Dom José Cordeiro foi bispo de Bragança-Miranda de 2011 a 2022 e foi com ele que teve início o projeto para a construção do Mosteiro de Santa Maria Maior. Ele recordou que, em 2016, durante uma peregrinação a Itália, acompanhou um sacerdote em uma visita ao mosteiro trapista de Vitorchiano, onde celebrou a missa e se encontrou com a abadessa e algumas religiosas. As monjas contaram sobre o sonho que tinha de ter uma fundação em Portugal, “por ocasião do primeiro centenário das aparições em Fátima”, celebrado em 2017. Segundo dom Cordeiro, elas “precisavam de um sinal, isto é, o convite de um bispo”.
“Aceitei imediatamente o desafio para esta diocese que tem como padroeiro o pai S. Bento”, disse. Depois de um tempo procurando o melhor lugar para a fundação, decidiram por Palaçoulo e começaram o projeto. “O sonho de Deus realizou-se e continua”.
Em sua homilia, dom José Cordeiro destacou que “a maior presença de Cister em Portugal de fundação de raiz, foi no mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, de 1153 até 1833”.
“Em 1892 ocorre nova reforma – surgem os Trapistas, a Ordem dos Cistercienses Reformados da Bem-Aventurada Virgem Maria da Trapa, agora denominado Ordem Cisterciense da Estrita Observância”, disse.
Segundo ele, “depois da extinção das ordens religiosas em 1834”, em Portugal, os cistercienses “não restauraram nenhum mosteiro”.
“A Providência Divina oferece agora a Portugal o dom da Graça de mais uma comunidade monástica, como uma aldeia para Deus”, disse.
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Segundo a Agência Ecclesia, da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), dom José Cordeiro disse aos jornalistas que o grande sinal e o “sonho maior para além da construção e da feliz realização” do mosteiro de Palaçoulo “é o surgimento de novas vocações”.
Atualmente, o mosteiro tem 10 monjas italianas, entre 36 e 83 anos, vindas de Vitorchiano e já conta com três portuguesas: uma noviça e duas postulantes.
“A perspectiva é da fecundidade espiritual deste mosteiro. Há em perspectiva a entrada de outras jovens portuguesas e é o maior dom da graça deste encontro com Cristo”, disse dom Cordeiro.
Para o atual bispo de Bragança-Miranda, dom Nuno Almeida, o Mosteiro de Santa Maria Mãe da Igreja é um “grande dom que Deus nos concede”. Segundo ele, essa fundação foi possível “através das mãos de técnicos, de benfeitores e, sobretudo, através da comunidade de monjas”.
“É uma grande responsabilidade para a nossa diocese de apoiarmos, de acompanharmos e, sobretudo, de convidarmos pessoas, em especial os mais jovens, as crianças e os jovens, a conhecerem, a virem, a poderem passar aqui um dia, uma tarde ou uns dias, a tomarem contato com esta comunidade e, sobretudo, com a alegria que irradia no olhar, nas palavras e nos gestos das irmãs desta comunidade de monjas”, disse aos jornalistas.
O Mosteiro de Santa Maria Mãe da Igreja tem capacidade para acolher 40 monjas e tem também uma hospedaria. A construção teve um custo de cerca de 6 milhões de euros.
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