20 de out de 2024 às 09:58
O papa Francisco celebrou hoje (20) uma grande missa na basílica de São Pedro, no Vaticano, na qual canonizou 14 novos santos: o padre italiano José Allamano, a freira italiana Elena Guerra, a freira canadense Marie-Léonie Paradis e 11 mártires mortos por sua fé em Damasco, capital da Síria, entre os quais estavam sete frades espanhóis.
Desde o início da manhã, milhares de fiéis, especialmente recém-chegados e familiares dos novos santos, de vários países, chegaram hoje ao Vaticano para testemunhar a cerimônia.
O papa Francisco chegou à praça minutos antes das 10h30 (horário local). No início da missa, o prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, o cardeal Marcello Semeraro, leu a biografia dos novos santos.
A seguir, acompanhado pelos postuladores que defendiam a causa das canonizações, o cardeal leu a petição para que o rito prosseguisse. A seguir, o papa Francisco leu a fórmula para declará-los santos.
O estilo de Deus é o serviço
Ao citar o Evangelho de são Marcos, o papa Francisco convidou os fiéis no início da homilia a pensar que Jesus também pergunta a cada um: “O que queres que faça por ti? Podes beber o meu cálice?”
Através dessas perguntas, segundo o papa, “Jesus traz ao de cima o vínculo e as expectativas que os discípulos nutrem para com ele, com as luzes e sombras próprias de qualquer relação”.
Francisco disse também que os discípulos inicialmente veem o Messias com a “lógica do poder”, enquanto Jesus, por outro lado, “vai mais fundo, escuta e lê o coração”.
Assim, Jesus revela-lhes que Ele não é o Messias que pensam, mas que “é o Deus de amor, que se abaixa para chegar aos que estão em baixo; que se faz fraco para levantar os fracos; que trabalha pela paz e não pela guerra; que veio para servir e não para ser servido”.
O papa disse também que “à sua direita e à sua esquerda estarão dois ladrões, suspensos na cruz como Ele e não instalados confortavelmente em lugares de poder; dois ladrões pregados com Cristo na dor e não sentados na glória”.
Assim, Francisco disse também que “quem segue Cristo, se quiser ser grande deve servir, aprendendo d’Ele”.
O papa Francisco disse também que Ele “ajuda-nos a pensar já não segundo os critérios do mundo, mas segundo o estilo de Deus, que se faz último para que os últimos sejam erguidos e se tornem os primeiros”.
O papa disse que as perguntas de Jesus são muitas vezes incompreensíveis para nós, mas “seguindo-O, percorrendo os Seus passos e acolhendo o dom do Seu amor que transforma a nossa maneira de pensar, também nós podemos aprender o estilo de Deus: o serviço”.
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“É a isto que devemos aspirar: não ao poder, mas ao serviço. O serviço é o estilo de vida cristão”, disse Francisco.
O papa disse que essa “não se trata de uma lista de coisas a fazer, como se, uma vez realizadas, pudéssemos considerar terminado o nosso turno”.
“O serviço nasce do amor e o amor não conhece fronteiras, não faz cálculos, mas gasta-se e dá-se. O amor não se limita a produzir para ter resultados, nem é uma prestação ocasional; é sim algo que nasce do coração, um coração renovado pelo amor e no amor”.
Ao aprendermos a servir, disse o papa, “cada gesto de atenção e cuidado, cada expressão de ternura, cada obra de misericórdia torna-se um reflexo do amor de Deus. E assim, todos e cada um de nós, continuamos a obra de Jesus no mundo”.
“Peçamos a intercessão dos novos santos”
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O papa disse depois que “a esta luz, podemos recordar os discípulos do Evangelho, que hoje são canonizados”.
“Ao longo da história conturbada da humanidade, foram servos fiéis, homens e mulheres que serviram no martírio e na alegria, como o Irmão Manuel Ruiz López e seus companheiros. Trata-se de sacerdotes e consagradas com o fervor da paixão missionária, como o Padre José Allamano, a Irmã Marie-Léonie Paradis e a Irmã Elena Guerra”.
Esses novos santos, segundo Francisco, “viveram o estilo de Jesus: o serviço”.
“A fé e o apostolado que fizeram não alimentaram neles desejos mundanos ou desejos de poder, mas, pelo contrário, tornaram-se servos dos irmãos, criativos no fazer o bem, firmes nas dificuldades, generosos até ao fim”.
“Supliquemos com confiança a sua intercessão, para que também nós possamos seguir Cristo, segui-lo no serviço, e tornarmo-nos testemunhas de esperança para o mundo”, concluiu o papa.
Os novos santos
Entre os novos santos está um padre cuja intercessão levou à cura milagrosa de um homem atacado por uma onça-pintada, uma mulher que convenceu um papa a convocar uma novena global ao Espírito Santo, uma freira chamada de “a humilde entre os humildes”, oito frades e três leigos mortos na Síria por se recusarem a renunciar à sua fé e a converter-se ao islã.
São José Allamano foi um padre italiano e fundador dos missionários da Consolata. Mais de mil missionários viajaram a Roma para assistir à missa de canonização.
Allamano foi canonizado depois da Santa Sé reconhecer um milagre médico único atribuído à sua intercessão: a cura de um homem que foi atacado por uma onça-pintada na Amazônia.
Conhecida como uma “apóstola do Espírito Santo “, santa Elena Guerra ajudou a convencer o papa Leão XIII a exortar todos os católicos a rezarem uma novena ao Espírito Santo antes do Pentecostes em 1895.
Guerra é a fundadora das irmãs oblatas do Espírito Santo, uma congregação de freiras reconhecida pela Igreja em 1882 que continua a atuar até hoje na África, na Ásia, na Europa e na América do Norte.
A irmã canadense santa Marie-Léonie Paradis fundou as irmãzinhas da Sagrada Família. O papa são João Paulo II chamou Paradis de “humilde entre as humildes” quando a beatificou na sua visita a Montreal, Canadá, em 1984, a primeira beatificação a ocorrer em solo canadense.
A Igreja também ganhou 11 novos santos mártires que foram mortos por se recusarem a renunciar à sua fé cristã e a converter-se ao Islão. Os “mártires de Damasco” foram Manuel Ruiz López e sete frades e os irmãos leigos Francisco, Mooti e Raffaele Massabki.
Papa Francisco pede para rezar pela Palestina “martirizada”
Antes de concluir a missa, o papa quis agradecer a todos os que foram ao Vaticano homenagear os novos santos.
“O testemunho de são José Allamano nos lembra a atenção necessária às populações mais frágeis e vulneráveis. Penso em particular no povo Yanomami, da floresta amazônica brasileira, entre cujos membros ocorreu o milagre ligado à canonização de hoje”, disse Francisco.
Assim, o papa pediu “às autoridades políticas e civis para que garantam a proteção destes povos e dos seus direitos fundamentais e contra qualquer forma de exploração da sua dignidade e dos seus territórios”.
O papa disse também que hoje é o Dia Mundial das Missões, cujo lema “Ide, convidai a todos para o banquete” (cf. Mt 22,9)” diz que o anúncio missionário “consiste em levar a todos o convite a um encontro festivo com o Senhor, que nos ama e quer fazer-nos participantes da sua alegria conjugal”.
Por fim, Francisco pediu para continuar a rezar pelos povos que sofrem com a guerra, usou pela primeira vez o adjetivo “martirizada” ao pedir para rezar pela Palestina e também pediu atenção para Israel, para o Líbano, para “a martirizada Ucrânia”, para o Sudão e para Mianmar.
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