8 de out de 2024 às 16:14
O Sínodo da Sinodalidade, que pretende ser um momento de encontro e diálogo para a Igreja mundial, deu oportunidade para que bispos da China continental e de Taiwan se encontrassem.
O bispo de Chiayi, Taiwan, dom Norbert Pu, é o primeiro bispo da Igreja nascido em Taiwan. Aos 66 anos de idade, ele participa da assembleia sinodal de quase um mês como representante da Conferência Episcopal Regional Chinesa de Taiwan.
Dom Pu disse à CNA, agência em inglês da EWTN News, que está ansioso para conhecer os diferentes bispos, cardeais e delegados sinodais de outras partes do mundo reunidos no Vaticano para a segunda sessão da 16ª assembleia geral ordinária dos Bispos.
Dom Pu disse que já se encontrou com os dois bispos da China continental que participam do sínodo e planeja se encontrar com eles novamente.
“É muito importante dialogar com eles, respeitar uns aos outros. Acho que é bom… não só para os chineses, para toda a Igreja”, disse o bispo taiwanês.
O bispo de Jining, China, dom Antonio Yao Shun, o primeiro bispo a ser consagrado na China sob o acordo China-Santa Sé, representou a Igreja na China na assembleia sinodal em outubro do ano passado junto com o arcebispo de Hangzhou, China, dom Joseph Yang Yongqiang. Os dois deixaram o Vaticano antes do fim do sínodo sem explicação.
Yao disse que muitos dos participantes da assembleia sinodal do ano passado “demonstraram interesse no desenvolvimento da Igreja na China, ansiosos para saber mais e orar por nós”.
O sínodo também deu oportunidade para os bispos da República Popular da China passarem um tempo com o bispo de Hong Kong, dom Stephen cardeal Chow.
Na assembleia sinodal do ano passado, o cardeal e os dois bispos fizeram uma breve viagem juntos a Nápoles, Itália, onde celebraram uma missa na Chiesa della Sacra Famiglia dei Cinesi (Igreja da Sagrada Família dos Chineses), construída em 1732 para um instituto fundado pelo papa Clemente XII para treinar seminaristas chineses e ensinar chinês a missionários.
Um novo delegado sinodal da China
Para a assembleia deste ano, Yao foi substituído pelo bispo de Mindong, China, dom Vincent Zhan Silu.
Dom Zhan Silu, de 63 anos de idade, foi excomungado por ter sido ordenado bispo sem mandato papal em Pequim em 2000. Sua excomunhão foi suspensa em 2018, quando a Santa Sé assinou um acordo provisório de dois anos com o governo chinês sobre nomeação de bispos. Esse acordo, cujo conteúdo é secreto, vem, sendo renovado desde então.
Respondendo sobre o motivo pelo qual Yao foi substituído por Zhan Silu, o cardeal Jean-Claude Hollerich, relator do sínodo, disse: “A Secretaria de Estado nos comunicou os nomes, mas não temos outras informações sobre o assunto”, informou a rede de notícias Asia News.
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Desde a assembleia sinodal do ano passado, Yang foi transferido para a arquidiocese de Hangzhou, “dentro da estrutura do diálogo” do acordo provisório com a China, segundo a Santa Sé.
Dom Yang foi ordenado bispo de Zhoucun, na província de Shandong, na China continental com aprovação da Santa Sé em 2010 e ficou no posto de 2013 a junho deste ano.
Ele participou do comitê nacional de 2023 da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, órgão do sistema do Partido Comunista Chinês, no qual foi decidido que a Igreja deveria integrar seu pensamento ao do partido e se unir mais estreitamente ao presidente Xi Jinping, segundo o site oficial da Associação Patriótica Católica.
Zhan Silu e Yang estão entre os 368 delegados votantes que participam da segunda assembleia sinodal no Vaticano, de 2 a 27 de outubro.
O sínodo ocorre em meio ao diálogo em andamento entre Pequim e Roma sobre a nomeação de bispos. A Santa Sé ainda não anunciou se renovou seu acordo provisório com a China, que deve ser renovado em breve pela terceira vez desde que foi assinado pela primeira vez em 2018.
Relações Santa Sé-Taiwan
Na primeira semana da assembleia, alguns delegados do sínodo fizeram uma pausa nas reuniões do dia para participar da celebração do 113º Dia Nacional de Taiwan numa recepção organizada pela Embaixada da República da China na Santa Sé, na mesma rua da basílica de São Pedro.
O Estado da Cidade do Vaticano é o único país na Europa que ainda reconhece Taiwan como país.
A Santa Sé mantém relações diplomáticas formais com Taiwan, formalmente chamada de República da China, desde 1922, e não tem presença diplomática oficial na República Popular da China (RPC) continental desde que foi oficialmente expulsa por Pequim em 1951.
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A ilha de Taiwan, que fica a menos de 177 km da costa da China e abriga uma população de mais de 23 milhões de pessoas, mantém uma democracia vibrante com liberdades civis robustas, apesar da crescente pressão de Pequim em relação ao status da ilha.
Ao contrário da China continental — onde as imagens de Cristo e de Nossa Senhora foram substituídas por imagens do presidente Xi Jinping , segundo um relatório divulgado na semana passada — os católicos em Taiwan desfrutam de liberdade religiosa, consagrada em sua constituição.
Mais de 10 mil pessoas compareceram ao Congresso Eucarístico Nacional em Taiwan no último fim de semana, segundo o Ministério das Relações Exteriores de Taiwan.
O papa Francisco enviou uma mensagem ao congresso, escrevendo que esperava que ele “despertasse nos corações dos fiéis cristãos uma verdadeira adoração e amor pela Eucaristia”. O congresso na diocese de Kaohsiung foi o quinto congresso eucarístico realizado em Taiwan desde 2011.
Dom Pu disse à CNA que o congresso representou uma oportunidade para que mais pessoas em Taiwan conhecessem a Eucaristia e sua importância central para a fé católica.
“Esperamos poder sempre manter esse relacionamento formal e bom com a Santa Sé. Porque para Taiwan, isso é muito importante. Esperamos que o mundo veja isso porque Taiwan é um país democrático e livre, respeitado por outras nações”, disse dom Pu.
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