26 de set de 2024 às 12:36
O bispo de Barbastro, Espanha, dom Ángel Javier Pérez Pueyo, levou à Santa Sé a polêmica que mantém com o Opus Dei sobre a propriedade do santuário de Torreciudad, segundo um comunicado publicado ontem (25).
O texto diz que “o Bispado de Barbastro-Monzón pôs nas mãos da Santa Sé a solução para as divergências de critérios com a prelazia do Opus Dei no que diz respeito à regularização jurídica, canônica e pastoral de Torreciudad”.
Esse pedido de intervenção da autoridade da Santa Sé foi levada na semana passada para a Secretaria de Estado e o Dicastério para o Clero da Santa Sé e “documenta a relação contratual relativa a esse enclave diocesano desde 1962 e as vinte reuniões realizadas ao longo dos quatro últimos anos entre ambas as partes”, diz o bispado.
A diocese diz ter “plena confiança na resolução dessa questão que constitui, desde o pedido de novação contratual por parte da Prelazia em 2020, uma oportunidade para regularizar o estatuto de Torreciudad e erigi-la, canonicamente, como santuário”.
Declaração do Opus Dei
O Opus Dei publicou ontem (25) um comunicado em seu site no qual diz que informou a Santa Sé sobre as conversações com a Igreja em Barbastro-Monzón desde setembro do ano passado e diz que a prelazia “facilitou a sua proposta de estatutos do Santuário à Diocese em 30 de agosto de 2023 e recebeu resposta seis meses depois convocando uma reunião técnica no mês de março, o que foi satisfatório para ambas as partes”.
“No entanto, numa reunião subsequente em 30 de junho, a Diocese apresentou um projeto que alterou alguns dos pontos mais importantes previamente acertados”, diz o comunicado. “O Opus Dei sempre demonstrou a sua disponibilidade para concordar, dentro das margens que considerou apoiadas pelo direito civil e canônico. Esse testamento não encontrou a correspondência que se poderia esperar, na sequência da recusa da Diocese em chegar a qualquer acordo exceto a aceitação dos seus próprios termos”.
Depois de dizer que o Opus Dei trabalha há mais de 60 anos para a diocese e para a Igreja universal em Torreciudad, algo que deseja continuar a fazer, a prelazia diz confiar no “estudo que a Santa Sé fará sobre esse assunto” e que está à disposição para esclarecer o que for necessário.
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Polêmica sobre Torreciudad
O santuário de Torreciudad foi erigido em 1975 como oratório semipúblico promovido pelo Opus Dei, depois de um membro da prelazia chegar a um acordo com a diocese de Barbastro-Monzón num contrato sobre a ermida original em 1962.
Em dezembro de 2018, foi erigida a fundação canônica Santuário de Nossa Senhora dos Anjos de Torreciudad. Dois anos depois, o Opus Dei pediu a dom Pérez a renovação do contrato. Entre outras medidas, solicita-se que o local seja canonicamente constituído como santuário diocesano.
Em dezembro de 2022, a diocese diz à prelazia do Opus Dei que considera encerrado o contrato e dá seis meses para que a imagem de Nossa Senhora seja devolvida à ermida original e tudo esteja organizado “até a completa reversão para a diocese da ermida, da hospedaria e dependências anexas”.
Desde então, existe uma tensão entre as instituições. Em julho do ano passado, pela primeira vez foi nomeado um reitor de Torreciudad que não faz parte do Opus Dei.
Em setembro do ano passado, o bispo de Barbastro-Monzón anunciou numa carta sua vontade de levar a polêmica às autoridades superiores. Em sua carta “Aunque duela” (Embora doa), publicada no boletim diocesano em setembro do ano passado, o bispo diz: “Estamos abertos à autoridade eclesiástica competente para resolver a situação se realmente não estiverem satisfeitos com os argumentos apresentados”.
No ano que vem completam-se 50 anos da inauguração do complexo, que nos últimos anos tornou-se um importante centro de peregrinação e espiritualidade mariana na Espanha.
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