11 de jul de 2024 às 16:15
Os organizadores do Sínodo da Sinodalidade disseram na terça-feira (9) que o papa Francisco pediu ao dicastério para a Doutrina da Fé para estudar a participação e a liderança das mulheres na Igreja, incluindo a possibilidade de ordenação de diaconisas, com o objetivo de publicar um documento sobre o assunto.
O secretário-geral do Sínodo, cardeal Mario Grech, disse em conferência de imprensa no Vaticano na terça-feira (9), que o dicastério para a Doutrina da Fé está estudando “o diaconato das mulheres” no contexto do seu estudo aprofundado dos ministérios, em coordenação com a Secretaria Geral do Sínodo.
Segundo o Instrumentum Laboris, documento de trabalho, em latim, publicado na terça-feira (9), embora o diaconato feminino esteja fora de discussão na segunda sessão do Sínodo da Sinodalidade, que vai ocorrer em outubro deste ano, o tema será incluído no estudo da Santa Sé sobre a liderança das mulheres.
“O Santo Padre notificou o Dicastério para a Doutrina da Fé para estudar questões, incluindo também a questão dos ministérios. E por falar em ministérios, há também a questão do diaconato para as mulheres”, disse o cardeal Grech.
“O Dicastério para a Doutrina da Fé estudará esta questão, não só a questão do diaconato, mas a questão dos ministérios”, acrescentou Grech. O cardeal não mencionou a possibilidade de mulheres serem ordenadas ao sacerdócio.
A Santa Sé confirmou que o dicastério para a Doutrina da Fé já começou a estudar “questões teológicas e canônicas em torno de formas ministeriais específicas” depois de comentários na conferência de imprensa.
O estudo aprofundado, dirigido pelo monsenhor Armando Matteo, do secretário da seção doutrinária do Dicastério para a Doutrina da Fé, vai se concentrar profundamente na “questão da necessária participação das mulheres na vida e na liderança da Igreja”, com o objetivo de “publicar um documento específico” sobre o tema.
O estudo do dicastério para a Doutrina da Fé é um dos dez grupos de estudo sobre sinodalidade anunciados pelo papa Francisco no início do ano. A Santa Sé publicou na terça-feira (9) os nomes dos membros de cada grupo de estudo e uma descrição do grupo do dicastério para a Doutrina da Fé, chamado “Grupo Cinco”.
O papa Francisco disse “não” à possibilidade das mulheres se tornarem diaconisas ou clérigas em entrevista recente ao programa televisivo americano 60 Minutes.
Ministério de escuta e acompanhamento
Os organizadores do Sínodo também destacaram a proposta de um novo “ministério de escuta e acompanhamento” na conferência de imprensa no Vaticano, que será discutida na assembleia final do Sínodo da Sinodalidade, em outubro.
O Instrumentum Laboris que servirá de base para a segunda sessão da 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, chamou o ministério proposto de um lembrete de que “a escuta e o acompanhamento são um serviço eclesial”.
“Parece extremamente oportuno dar vida a um ministério de escuta e de acompanhamento reconhecido e possivelmente instituído, graças ao qual se possa experimentar concretamente este traço característico de uma Igreja sinodal. É necessária uma ‘porta aberta’ para a comunidade, através da qual as pessoas possam entrar sem se sentirem ameaçadas ou julgadas”, diz o Instrumentum Laboris.
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Respondendo na conferência de imprensa se a proposta de um novo ministério de escuta e acompanhamento poderia ser um passo para uma maior “burocratização” da Igreja, o cardeal Grech sublinhou que o objetivo do ministério seria “educar a comunidade para avançar” em seu serviço de escuta e acompanhamento.
Todos os católicos são convidados a proclamar a Palavra e a ser catequistas, mas isso não torna a existência de ministérios de leitores e catequistas dentro da Igreja uma “burocratização”, disse Grech.
O cardeal também anunciou que a secretaria geral do Sínodo vai publicar em breve uma “ajuda teológica” para complementar o Instrumentum Laboris, com análises teológicas e canônicas para ajudar os participantes do Sínodo a “reconhecer e compreender as raízes e implicações do que contém”.
“Maturação no caminho sinodal”
O relator geral do Sínodo da Sinodalidade, o cardeal Jean-Claude Hollerich, disse durante a conferência de imprensa que os relatórios apresentados aos organizadores do Sínodo pelas conferências episcopais de todo o mundo mostram que o processo sinodal plurianual “tem sido e continua sendo um tempo de graça que já dá numerosos frutos na vida da Igreja”.
“Do Quênia à Irlanda, da Coreia ao Brasil, os relatórios sublinham este dinamismo renovado que a escuta oferecida e recebida está a trazer às comunidades”, disse o cardeal.
O cardeal Hollerich disse notar uma diferença entre os relatórios que a secretaria geral recebeu das conferências episcopais no início do Sínodo da Sinodalidade e os relatórios apresentados neste ano pelas 108 conferências episcopais.
“Se os primeiros enfatizaram mais a resistência e a oposição ao processo sinodal, estes relatórios enfatizam mais o cansaço e a fadiga de um caminho de conversão que não é imediato”, disse o cardeal.
O cardeal disse ver isso como evidência de “um amadurecimento no caminho sinodal”, ao dizer que muitas conferências episcopais identificaram frutos da sua experiência sinodal local.
A reunião do Sínodo da Sinodalidade, de 2 a 27 de outubro, marcará o fim da fase de discernimento do processo sinodal da Igreja, aberta pelo papa Francisco em 2021.
Os participantes da reunião de outubro, incluindo bispos, sacerdotes, religiosos e leigos de todo o mundo, vão preparar e votar o documento consultivo final do Sínodo da Sinodalidade, que será então entregue ao papa, Caberá a Francisco decidir se deseja usar o documento.
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A terceira fase do Sínodo, depois da “consulta do povo de Deus” e do “discernimento dos pastores”, será de “implementação”, segundo os organizadores.
“O Sínodo já está mudando a nossa maneira de ser e de viver a Igreja independentemente da assembleia de outubro”, concluiu o cardeal Hollerich.
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