7 de jul de 2024 às 11:19
O papa Francisco pediu hoje (7) aos católicos que anunciem sua fé em público e combatam a polarização política ao apoiar a democracia centrada na pessoa.
“Não sejamos enganados por soluções fáceis. Em vez disso, sejamos apaixonados pelo bem comum”, disse o papa hoje (7) em uma conferência católica sobre democracia na cidade de Trieste, no norte da Itália.
Francisco participou do último dia da 50ª Semana Social dos Católicos, encontro anual da Igreja na Itália que visa promover a doutrina social da Igreja. O tema do congresso ocorrido entre quarta-feira (3) e hoje (5) foi “No Coração da Democracia: Participar entre História e Futuro”.
Em seu discurso, o papa falou fortemente sobre a importância da democracia — ao encorajar a participação em vez do partidarismo e comparar ideologias a “sedutoras”.
“Como católicos, neste horizonte, não podemos nos contentar com uma fé marginal ou privada”, disse o papa diante de cerca de 1,2 mil participantes da conferência no Centro de Convenções Generali. “Isso significa não tanto ser ouvido, mas acima de tudo ter a coragem de fazer propostas de justiça e paz no debate público.”
“Temos algo a dizer, mas não para defender privilégios. Não. Precisamos ser uma voz, uma voz que denuncie e proponha em uma sociedade que muitas vezes é muda e onde muitos não têm voz.”
“Isso é amor político”, destacou Francisco ao acrescentar que “é uma forma de caridade que permite à política estar à altura das suas responsabilidades e sair das polarizações, estas polarizações que empobrecem e não ajudam a compreender e a enfrentar os desafios”.
O congresso da Semana Social dos Católicos foi realizado em Trieste, cidade portuária localizada em uma estreita faixa de território italiano, no extremo nordeste do país, delimitada pelo Mar Adriático e pela Eslovênia.
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O papa Francisco chegou a Trieste de helicóptero, do Vaticano, na manhã de hoje (7). Depois de discursar aos delegados do congresso vindos de toda a Itália, o papa se encontrou brevemente com representantes de outras tradições cristãs e com um grupo de imigrantes e pessoas com deficiência.
O papa celebrou uma missa para cerca de 8, 5 mil católicos na praça Unità d’Italia, em Trieste, antes de embarcar novamente em um helicóptero para voltar ao Vaticano.
Ao falar sobre a visão cristã da democracia, o papa citou uma nota pastoral de 1988 da Conferência Episcopal Italiana, que diz que a democracia tem como objetivo “dar sentido ao compromisso de todos com a transformação da sociedade; dar atenção às pessoas que permanecem fora ou à margem dos processos e mecanismos econômicos vencedores; dar espaço à solidariedade social em todas as suas formas; dar apoio ao retorno de uma ética solícita do bem comum […]; dar sentido ao desenvolvimento do país, entendido […] como uma melhoria geral na qualidade de vida, convivência coletiva, participação democrática e liberdade autêntica”.
“Essa visão, enraizada na Doutrina Social da Igreja”, disse o papa Francisco, aplica-se “não apenas ao contexto italiano, mas representa um aviso para toda a sociedade humana e para o caminho de todos os povos”.
“De fato, assim como a crise da democracia atravessa diferentes realidades e nações, da mesma forma a atitude de responsabilidade diante das transformações sociais é um chamado dirigido a todos os cristãos, onde quer que se encontrem vivendo e trabalhando, em todas as partes do mundo”, acrescentou.
O papa também enfatizou a importância de combater uma cultura de desperdício, como demonstra um poder autorreferencial “incapaz de ouvir e servir as pessoas”.
O papa falou sobre a importância dos princípios de solidariedade e subsidiariedade e condenou uma certa atitude de “assistencialismo” que não reconhece a dignidade das pessoas, ao chamá-la de “hipocrisia social”.
“Todos devem se sentir parte de um projeto comunitário; ninguém deve se sentir inútil”, disse o papa.
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