11 de abr de 2024 às 14:45
“Cristo transformou a nossa dor, tornando-a sua até o fim”, disse o papa Francisco hoje (11) ao falar sobre o significado do sofrimento e da doença.
Em audiência aos participantes da Assembleia Plenária da Pontifícia Comissão Bíblica, centrada no tema “A doença e o Sofrimento na Bíblia”, Francisco disse que o sofrimento e a doença “são adversários a serem enfrentados, mas é importante fazê-lo de maneira digna do homem, de maneira humana”.
“Removê-los, reduzindo-os a tabus dos quais é melhor não falar, talvez porque prejudicam aquela imagem de eficiência a todo custo, útil para vender e ganhar, certamente esta não é uma solução”, disse ele.
Para Francisco, a experiência da dor deve ser vivida “em relação, sem nos fecharmos em nós mesmos e sem que a rebelião legítima se transforme em isolamento, abandono ou desespero”.
Dor à luz da fé
O papa disse que a dor e a doença, à luz da fé, “podem tornar-se fatores decisivos num percurso de amadurecimento”.
Para ele, esta situação de dor também “permite discernir o que é essencial e o que não é”.
“É o exemplo de Jesus que mostra o caminho”, disse o papa, pois ele “nos exorta a cuidar de quem vive em situações de doença, das pessoas frágeis e necessitadas que encontra. Jesus acolhe incansavelmente os doentes”.
“Tudo isto revela um aspecto importante: Jesus não explica o sofrimento, mas se inclina para com os que sofrem. Ele não aborda a dor com incentivos genéricos e consolações estéreis, mas acolhe o drama da dor, deixando-se tocar por ela”, disse Francisco.
A Sagrada Escritura, continuou, “é iluminadora” neste sentido: “não é um manual de boas palavras ou um livro de receitas de sentimentos, mas nos mostra rostos, encontros, histórias concretas”.
“Por isso a resposta de Jesus é vital, é feita da compaixão que ele assume e que, ao assumir, salva o homem e transfigura a sua dor”, disse.
O papa disse que “Cristo transformou a nossa dor tornando-a sua até o fim: habitando-a, sofrendo-a e oferecendo-a como dom de amor”.
“Ele não deu respostas fáceis aos nossos ‘porquês’, mas na cruz ele fez seus os nossos grandes ‘porquês’”, disse.
Para o papa Francisco, “quem assimila a Sagrada Escritura purifica o imaginário religioso das atitudes erradas, aprendendo a seguir o caminho indicado por Jesus: tocar com a mão o sofrimento humano, com humildade, mansidão, serenidade, carregar, em nome de Deus encarnado, a proximidade do apoio salvífico e concreto”.
Francisco também falou da importância da “inclusão”, um termo que “expressa bem uma característica saliente do estilo de Jesus”. “Para Jesus”, disse ele, “ninguém deve ser excluído da salvação de Deus”.
Cura da alma, corpo e espírito
Ele também disse que a inclusão não se refere apenas à cura corporal, mas que o Senhor “quer que a pessoa inteira seja curada, espírito, alma e corpo”.
“Porque uma cura física do mal seria de pouca utilidade sem uma cura do pecado no coração”, disse ele.
Esta perspectiva de inclusão, segundo o papa Francisco, leva-nos a atitudes de partilha: “Cristo, que andava entre as pessoas fazendo o bem e curando os doentes, ordenou a seus discípulos que cuidassem dos doentes e os abençoassem em seu nome”.
“Portanto, por meio da experiência do sofrimento e da doença, nós, como Igreja, somos chamados a caminhar junto com todos, em solidariedade cristã e humana, abrindo oportunidades de diálogo e esperança em nome da fragilidade comum”.
Por fim, recordou que “a Palavra de Deus é um antídoto poderoso contra todo fechamento, abstração e ideologização da fé: lida no Espírito com que foi escrita, aumenta a paixão por Deus e pelo homem, desencadeia a caridade e reaviva o espírito apostólico”.
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