21 de mai de 2024 às 00:01
Hoje (21), a Igreja recorda os mártires da fé, beatos Manuel e Adílio, um sacerdote espanhol que veio como missionário para o Brasil e evangelizou as terras do sul do país e um coroinha que se tornou o primeiro jovem brasileiro a ser elevado ao altar.
Manuel Gómez González nasceu em 29 de maio de 1877, nas proximidades de Tuy-Pontevedra, Espanha. Foi ordenado sacerdote em 24 de maio de 1902 e começou a exercer seu ministério em sua diocese. Dois anos depois, foi para Portugal e, em 1913, por conta de problemas políticos e religiosos no país, seguiu para o Brasil.
Inicialmente, teve uma breve estadia no Rio de Janeiro e, depois, foi para a diocese de Santa Maria (RS). Foi pároco de Saudade (RS) por um tempo, até que, em dezembro de 1915, assumiu a paróquia de Nonoai (RS), que abrangia um vasto território.
Como recordou o cardeal José Saraiva Martins, então prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, na Missa de beatificação dos mártires em 2007, padre Manuel González “desenvolveu uma obra pastoral tão intensa, que em oito anos, transformou o rosto da paróquia, cuidando também dos índios e devendo também, pontualmente, ocupar-se da vizinha paróquia de Palmeiras das Missões, na qualidade de administrador”.
Adílio Daronch nasceu em 25de outubro de 1908, perto de Dona Francisca, na zona de Cachoeira do Sul (RS). Seus pais, Pedro Daronch e Judite Segabinazzi, tinham oito filhos. A famíliase mudou para Passo Fundo (RS) em 1911 e, em 1913, para Nonoai.
O menino fazia parte do grupo de adolescentes que acompanhava padre Manuel em suas viagens pastorais, ajudando-o como coroinha. Era também aluno da escola fundada pelo sacerdote.
Certa vez, o bispo de Santa Maria, dom Ático Eusébio da Rocha, pediu que padre Manuel fosse visitar um grupo de colonos instalados na floresta de Três Passos, viagem que o sacerdote realizou na companhia do jovem Adílio.
Nesta época, o Rio Grande do Sul vivia a Revolução de 1923, a disputa armada entre partidários do então presidente do Rio Grande do Sul, Borges de Medeiros, conhecidos Ximangos, e os revolucionários aliados de Joaquim Francisco de Assis Brasil, chamados de Maragatos. Mesmo assim, padre Manuel não deixava de pregar e ensinar os valores cristãos.
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Durante sua viagem, padre Manuel e o coroinha Adílio pararam em Palmeiras, onde o sacerdote administrou os sacramentos e “não deixou de exortar ao dever da paz aos revolucionários locais, pelo menos em nome da fé cristã”, como relatou a homilia do cardeal Saraiva. Os revolucionários, porém, não gostaram das palavras do sacerdote nem do fato de ter dado sepultura cristã às vítimas dos bandos locais.
Embora avisado dos riscos que corria, padre Manuel seguiu o caminho acompanhado por Adílio, que também sabia das ameaças sofridas pelo sacerdote.
Os dois caíram em uma emboscada e foram levados para uma zona de floresta, onde foram amarrados em duas árvores e fuzilados, morrendo por ódio à fé e à Igreja Católica, em 21 de maio de 1924.
“É admirável rever nestes acontecimentos, a mesma vitalidade, o mesmo vigor, a mesma extraordinária força das ‘Paixões’ dos Mártires dos primórdios da era cristã”, disse o cardeal Saraiva na missa de beatificação, em 21 de outubro de 2007, em Frederico Westphalen.
Os beatos Manuel e Adílio são padroeiros da diocese de Frederico Westphalen, onde anualmente acontece a Romaria Penitencial ao Santuário Nossa Senhora da Luz.
Em março de 1964, na presença do então bispo de Frederico Westphalen, dom João Hoffmann, os restos mortais de padre Manuel e Adílio foram exumados em Feijão Miúdo, município de Três Passos, e levados para Nonoai. Durante o translado, realizou-se uma longa e solene peregrinação por diversas comunidades, chegando ao seu destino em maio daquele ano.
Em Nonoai, os restos mortais dos mártires foram colocados no mausoléu ao lado da igreja Nossa Senhora da Luz. Desde então acontece a Romaria Penitencial ao santuário Nossa Senhora da Luz.
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