Novembro: O mês macabro da política de Cabedelo – Intervenção, renuncia, Polícia Federal e facção

Novembro: O mês macabro da política de Cabedelo – Intervenção, renuncia, Polícia Federal e facção

Cabedelo, a cidade portuária que ocupa posição estratégica na Paraíba, tem uma história política marcada por instabilidade, escândalos e decisões drásticas. Coincidentemente, muitos desses episódios ocorreram no mês de novembro, que ganhou o título informal de “mês macabro” na política local.

A seguir, um registro documentário e cronológico desses acontecimentos, incluindo as mais recentes denúncias que ligam o poder público a facções criminosas.


1980: A intervenção estadual há 44 anos

No dia 27 de novembro de 1980, o então governador Tarcísio Burity decretou intervenção no município de Cabedelo, afastando o prefeito Francisco Figueiredo de Lima (PMDB), o Chico Marú,  sob a acusação de corrupção.
A denúncia, apresentada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), revelava que o prefeito havia doado irregularmente um terreno de 26 mil metros quadrados para especulação imobiliária, causando um prejuízo de dez milhões de cruzeiros aos cofres públicos.

O decreto de intervenção, publicado no Diário Oficial de 27 de novembro, nomeou o então agente fiscal Sebastião Plácido de Almeida como interventor, com a missão de restabelecer a moralidade administrativa. O episódio gerou protestos da oposição, que acusou Burity de usar intervenções como ferramenta política.
Apesar disso, a medida foi mantida, marcando o início de uma série de renúncias e afastamentos em outros municípios paraibanos.


2013: A renúncia de escandalosa de Luceninha

Exatos 33 anos após a intervenção de 1980, novembro de 2013 trouxe outra reviravolta. No dia 14, o então prefeito de Cabedelo, José Maria de Lucena Filho, o “Luceninha”, surpreendeu a todos ao renunciar ao cargo. Ele alegou motivos pessoais, mas especulações apontaram pressões políticas e dificuldades em lidar com grupos de interesse como razões para sua decisão.

A renúncia abriu caminho para Leto Viana, seu vice, assumir a prefeitura. No entanto, Leto acabaria se envolvendo em graves escândalos de corrupção, culminando em sua prisão anos depois. Esse episódio revelou uma instabilidade política crescente, com implicações que continuam a reverberar na cidade. Era a Operação xeque-mate desmantelando o que o Ministério Público chamou de maior escândalo de corrupção de Cabedelo.


2023: A influência de facções criminosas En Passant

Em novembro de 2023, Cabedelo foi novamente abalada por graves denúncias.
A Operação En Passant, liderada pela Polícia Federal e pelo Gaeco, revelou a possível influência de facções criminosas nas eleições municipais. A investigação apontou para a atuação do grupo liderado pelo traficante conhecido como “Fatoka”, que teria usado o poder político para beneficiar aliados e ameaçar adversários.

Um dos pontos centrais da operação foi a prisão de Flávia Monteiro, ex-servidora municipal, com quem foram encontrados comprovantes de votação e transações via Pix, indicando compra de votos.
Além disso, listas de nomes para indicações políticas e documentos sugerindo envolvimento da prefeitura com a facção reforçaram as suspeitas.

O atual prefeito, Vítor Hugo, e outros políticos locais, foram submetidos a medidas cautelares e a investigação também apura crimes como coação de eleitores, lavagem de dinheiro e peculato.


Um Ciclo de Instabilidade

Desde a intervenção de 1980 até as acusações mais recentes, novembro se consolidou como um mês crítico na política de Cabedelo. Cada episódio, marcado por denuncias de corrupção, renúncias ou escândalos eleitorais, revela a fragilidade das instituições locais diante de interesses econômicos e políticos.

Além disso, as revelações de 2023 sobre a ligação entre o poder público e facções criminosas adicionam um novo nível de gravidade às crises anteriores, indicando que os problemas da cidade extrapolam as disputas políticas e alcançam o campo do crime organizado.

Enquanto Cabedelo busca superar os desafios e construir um futuro mais estável, a memória de novembro permanece como um alerta sobre a necessidade de maior transparência, ética e comprometimento com a população.


Por que novembro?
A recorrência de eventos políticos impactantes neste mês levanta questionamentos: seria coincidência ou reflexo de uma cultura política que chega ao auge de suas tensões no fim do ano?
O que fica evidente é que, para a história de Cabedelo, novembro será sempre lembrado como o mês em que a política local enfrentou suas maiores tempestades.


Essa coluna documenta os fatos e reforça a importância de aprendermos com a história.
Será que novembro de 2025 trará novos capítulos para essa saga política?
Esperamos dias melhores!!

Jornal A UNIÃO – 27 de novembro de 1980.

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Ivaldo Lima

Graduado em Sistema para Internet e Comunicação Social, Radialista com especialização em Marketing Digital!
Graduando em Teologia Católica.
Pós-Graduação em Doutrina Social da Igreja e Ordem Social!