7 de nov de 2024 às 14:09
“Em nenhum momento temi pela minha vida; sabia que o Senhor estava comigo”, disse José Fabián Villena Lladosa, leigo adorador do Santíssimo Sacramento, que resgatou a eucaristia em enchente causada por uma depressão isolada de alto nível (DANA), fenômeno conhecido como “gota fria”, na capela de adoração eucarística perpétua de Catarroja em Valência, Espanha.
“Subimos segundos antes da água entrar, porque ela atingiu a nossa cintura de forma rápida e violenta”, disse Villena em de um vídeo publicado no YouTube pelo canal El Rosario de las 11 pm, ao falar sobre a experiência da semana passada, quando a costa leste da Espanha foi atingida por graves enchentes que, até o momento, mataram mais de 200 pessoas e deixaram milhares de desaparecidos. Muitos corpos ainda não foram identificados.
Apesar da calamidade, não só organizações governamentais e religiosas, como a Cáritas, iniciaram campanhas de ajuda humanitária, mas também os cidadãos demonstraram um espírito de solidariedade. Exemplo disso é o ato de Villena, que foi movido por seu amor e reverência pelo Corpo de Cristo.
“Havia Nosso Senhor, que tínhamos que resgatar, embora na realidade tenha sido Ele quem nos resgatou”, disse Villena em seu testemunho.
Segundo ele, eram 5h e o tempo que teve para atuar foi muito limitado, pois mal teve “10 ou 15 minutos” antes que o nível da água o obrigasse a subir ao primeiro e segundo andares do local.
“O mais importante era o Senhor, tínhamos que tirá-lo de lá”
Dentro da capela, em poucos minutos, a água começou a chegar à mesa que sustentava o sacrário, no qual estava o Santíssimo Sacramento. Mas, Villena não perdeu o sentido de missão. “O mais importante era o Senhor, tínhamos que tirá-lo de lá”, disse.
Junto com seu companheiro Domingo, outro leigo que estava no local, transferiu o sacrário para um lugar seguro. “O pobre [Domingo] levou um pequeno choque elétrico e não sabíamos o que fazer”, disse.
Para Villena, salvar a Eucaristia foi uma prioridade que o levou a agir rapidamente. “A água chegou à sacristia. Tinha um pequeno quadro da Rosa Mística e, embora estivesse no chão, coloquei sobre uma mesa”, disse.
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Naquele momento, sem perder tempo, usou aquela mesma mesa como local seguro temporário para o sacrário. “Foi naquela mesa em que primeiro colocamos o sacrário e depois resgatamos a imagem de são José”, disse.
Apesar da urgência e das limitações de tempo, tentaram salvar o que puderam. “Também havia armários com alvas [vestes litúrgicas] e desci para pegar alguns. Não tive tempo para mais; Quem estava lá gritou ‘deixa’, mas eu subi rápido”, disse Villena.
Com o sacrário em mãos, Villena e seu amigo se dirigiram para a saída, enfrentando dificuldades para sair. “Quando chegamos à porta ela estava fechada, mas graças a Deus não trancada. Abri com dificuldade e a água já estava escorrendo ali”, disse.
Assim que estavam fora de perigo, colocaram o Santíssimo Sacramento em uma sala do terceiro andar.
“Peguei uma mesa que estava embaixo do oratório e subimos. Colocamos aqui, ao lado da imagem de são José, colocamos uma vela”.
“O sacrário é pesado, mas se movia entre dois. O cibório estava cheio de hóstias consagradas. Resgatamos o que pudemos”, disse Villena.
“Em nenhum momento tive medo pela minha integridade física. Nunca. Talvez tenha sido um pouco inconsciente, mas eu sabia que estava com o Senhor”, disse.
Segundo o leigo, naquele momento a rua estava escura e ouviam-se gritos.
“Fiquei um pouco ansioso e disse ao Domingo que precisava rezar”, disse, ao contar como, naquele momento de angústia, começou a rezar. “Instantaneamente, senti uma grande paz. Fiquei calmo, fiz o que tinha que fazer”, acrescentou.
Com humildade, Villena concluiu seu depoimento com uma oração diante do Santíssimo Sacramento, ao pedir perdão por qualquer falta de reverência a Jesus Eucarístico: “Senhor, perdoa a nossa irreverência, os golpes que te demos ao subir entre nós dois, não te levamos como o Senhor merece. Mas o Senhor sabe como somos pobres”.
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