16 de set de 2024 às 15:45
À medida que o controverso acordo entre a Santa Sé e a China sobre nomeações de bispos se aproxima do prazo de renovação em outubro, a recente viagem apostólica de 12 dias do papa Francisco pelo sudeste da Ásia e pela Oceania colocou o complexo relacionamento da Santa Sé com Pequim em evidência.
Veículos de notícias regionais, incluindo o Channel News Asia, afiliado ao governo de Singapura, têm analisado as potenciais implicações de melhorar as relações entre a Santa Sé e Pequim.
A viagem do papa, que incluiu paradas na Indonésia, em Papua Nova-Guiné, Timor-Leste e Singapura, deu ampla oportunidade para tal especulação.
O Channel News informou que analistas dizem que “a China demonstrou uma postura favorável em relação à melhoria das relações com a Santa Sé, pois isso se alinha com seus objetivos estratégicos mais amplos de melhorar sua reputação internacional e combater representações negativas do Ocidente”.
A emissora de Singapura, operada por um conglomerado estatal num país com uma grande população etnicamente chinesa, sugeriu que “laços de aquecimento” poderiam afetar o relacionamento diplomático de longa data da Santa Sé com Taiwan. Disse que estabelecer relações formais com a China exigiria o rompimento de laços com Taipei, segundo a “política de uma China” de Pequim.
George Yeo, ex-ministro das Relações Exteriores de Singapura e ex-membro do Conselho de Economia da Santa Sé, disse ao Channel News Asia que, mesmo que o reconhecimento diplomático mude para Pequim, “a Igreja ainda terá representação em Taiwan”.
Yeo disse que, da perspectiva da Santa Sé, tal movimento não sinalizaria uma mudança em sua “política de uma China”, mas sim um retorno à sua presença histórica na China continental.
Um “ensaio geral” para uma possível visita a Pequim?
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Outros meios de comunicação regionais também opinaram sobre as implicações da visita papal para as relações entre a Santa Sé e a China.
O jornal South China Morning Post de Hong Kong disse: “A Santa Sé, sob o comando de Francisco, fez de tudo para estender aberturas à China”.
Um comentarista do veículo de notícias financeiro americano Bloomberg, disse ao jornal japonês Japan Times, que a viagem apostólica foi um “ensaio geral para uma potencial visita a Pequim”.
O site de notícias católico La Croix International disse que a elite governante da China acompanhou de perto a viagem. O teólogo Michel Chambon disse ao La Croix: “Pequim observou de perto a viagem do papa Francisco na Ásia, buscando avaliar até que ponto o papa Francisco poderia contribuir para o equilíbrio de poder, o bem comum e o desenvolvimento da região”.
O papa Francisco reiterou um desejo antigo de visitar a China em coletiva de imprensa no voo papal de volta a Roma na sexta-feira (13).
Ao expressar respeito e admiração pelo país e sua cultura ancestral, o papa disse aos jornalistas: “A China, para mim, é um sonho, ou seja, eu gostaria de visitar a China”.
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