10 de nov de 2024 às 14:08
“Se não fosse a fé católica, eu não estaria vivo”, disse à ACI Digital o padre Marlon Múcio, da diocese de Taubaté (SP). O sacerdote foi diagnosticado em 2019 com uma doença rara, a Deficiência de Transportador de Riboflavina (RTD). Desde então, toma vários remédios por dia e faz uso de um respirador mecânico. Ele também passou a atuar em prol dos pacientes com doença rara e fundou um hospital para atendê-los. Sua história é contada no documentário “Milagre Vivo”, que estreia amanhã (11) nos cinemas.
O padre Marlon Múcio Corrêa Silveira nasceu em Carmo da Mata (MG) em 9 de abril de 1973. Foi ordenado padre da diocese de Taubaté em 2000. O padre foi diagnosticado com RTD em 2019 depois de nove anos de pesquisa, de passar por 100 médicos e ter seis diagnósticos errôneos.
“Reagi muito bem [ao diagnóstico], porque eu já tinha uma vida ancorada no Senhor”, disse o padre Múcio à ACI Digital. “Quando recebi o diagnóstico em 2019, senti um alívio, porque eu finalmente sabia exatamente o que eu tinha, sabendo que eu poderia tratar”, acrescentou.
A Deficiência de Transportador de Riboflavina (RTD) é uma doença de origem genética causada pela alteração de um gene do DNA, em que há a ausência de uma enzima que transporta a riboflavina (vitamina B2) para dentro das células, prejudicando várias atividades do metabolismo.
Segundo o padre Múcio, “a doença vai enfraquecendo os músculos do corpo todo, especialmente da audição, da visão, da fala, da mastigação, da deglutição, da locomoção e da respiração, o que causa uma intensa fadiga”.
“Eu vivo à base de fé e de morfina. As pessoas, quando trabalham, se cansam. Eu, só de existir, me canso. Então, tudo isso fez com que eu tivesse que redimensionar a minha vida e meu ministério”, disse.
“Mas é assim: eu tenho uma doença rara, mas ela não tem a mim. Eu tenho uma doença, mas eu não sou doente”, continuou o sacerdote.
O padre diz que por quatro anos ficou a maior parte do tempo na cama, onde celebrava missas diárias. Ainda hoje, Marlon celebra a maior parte das missas acamado.
Hoje, padre Marlon diz que, “graças a Deus”, tem “todos esses recursos da ciência” e reconhece que é “uma raridade no meio dos raros”. “Somos 13 milhões de brasileiros com doenças raras, e poucos brasileiros têm acesso a medicação, poucos têm acesso a terapia, fisioterapia, psicologia e outros recursos, como medicamentos de alto custo”.
“Então, quando o Bom Deus me permitiu ter essa doença, eu percebi que ele me permitia, em vista de muitos, para socorrer as pessoas, os meus irmãozinhos raros”, continuou o padre.
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Em 8 de dezembro de 2023, o padre Marlon fundou a Casa de Saúde Nossa Senhora dos Raros, em Taubaté. O hospital é o primeiro do Brasil especializado em doenças raras. O sacerdote destacou que a unidade de saúde é “exclusiva para pessoas com doenças raras, cuida em sua totalidade de pessoas com doenças raras e é 100% gratuito”. O hospital é mantido por doações, atualmente tem 720 leitos e há um projeto de ampliação.
“Na área da saúde, é a grande obra de misericórdia e projeto social que Deus me confiou”, disse o padre Múcio.
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O sacerdote também criou a devoção mariana a Nossa Senhora dos Raros, que dá nome ao hospital e tem aprovação do bispo de Taubaté, dom Wilson Luís Angotti Filho. “Dou tudo para Nossa Senhora, sou todo de Maria, então dei os raros a Nossa Senhora dos Raros”, disse.
Em 22 de maio deste ano, na festa de santa Rita de Cássia, o padre Marlon foi ao Vaticano, com mais 20 pessoas que fazem parte da equipe ou são atendidas pela Casa de Saúde Nossa Senhora dos Raros, para participar dea uma audiência geral do papa Francisco. Na ocasião, o papa abençoou a imagem de Nossa Senhora dos Raros, que foi levada de volta à casa de saúde em Taubaté (SP). Segundo o padre Marlon, Francisco já conhecia sua história e a do hospital que fundou.
A história do padre Marlon Múcio será contada no documentário “Milagre Vivo”, uma colaboração da Kolbe Arte Produções com o serviço de streaming católico Lumine .
O filme aprofunda-se na história do padre, como ele convive com a RTD, seu cotidiano na Casa de Saúde Nossa Senhora dos Raros, dos pacientes atendidos pelo hospital. A obra também mostra a viagem que o sacerdote fez à Itália e ao Vaticano em maio deste ano, na qual visitou Assis (onde estão sepultados são Francisco de Assis e o beato Carlo Acutis), San Giovanni Rotondo (onde fica o túmulo de são Pio de Pietrelcina), a basílica de São Pedro, no Vaticano, e um instituto de pesquisa sobre RTD em Roma.
“Acho que é muito bom para ressignificar nossa própria vida. Então, assistir a esse filme vai fazer com que as pessoas pensem um pouco mais na vida, reclamem menos e vivenciem um pouco mais o que é uma situação muito mais extrema”, disseo diretor do filme, Gustavo Leite, sobre o documentário.
O filme está em cartaz nos cinemas da rede Cinemark amanhã (11) e terça-feira (12), com sessões em Barretos (SP), Barueri (SP), Jacareí (SP), Marília (SP), Ribeirão Preto (SP), São Paulo (SP), Taubaté (SP), São Bernardo do Campo (SP), São José dos Campos (SP), São José do Rio Preto (SP), Santos (SP), Santo André (SP), Praia Grande (SP), Campinas (SP), Suzano (SP), Guaratinguetá (SP), Guarulhos (SP), Itapetininga (SP), Caraguatatuba (SP), Osasco (SP), Jundiaí (SP), Limeira (SP), Bauru (SP), Sorocaba (SP), Pindamonhangaba, (SP) Mogi das Cruzes (SP), Lorena (SP), Rio de Janeiro (RJ), Resende (RJ); Curitiba (PR), Londrina (PR), São José dos Pinhais (PR), Foz do Iguaçu (PR), Pato Branco (PR), Recife (PE), Jaboatão dos Guararapes (PE), Olinda (PE), Vitória (ES), Itajubá (ES), Vila Velha (ES), Goiânia (GO), Anápolis (GO), Valparaíso (GO), Águas Lindas (GO), Belo Horizonte (MG), Betim (MG), Uberlândia, Manhuaçu (MG), Montes Claros (MG), Uberaba (MG), Juiz de Fora (MG), Manaus (AM), Belém (PA), Ananindeua (PA), Natal (RN), Fortaleza (CE) Eusébio (CE), Maceió (AL), Arapiraca (AL), Canoas (RS), Macapá (AP), Florianópolis (SC), São José (SC), Cuiabá (MT), Campo Grande (MS), Brasília (DF) e Taguatinga (DF).
Os ingressos para o filme estão disponíveis no site da Lumine.
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