23 de ago de 2024 às 16:29
A Santa Sé autorizou a devoção ligada às supostas aparições de Nossa Senhora como Nossa Senhora das Dores no Santuário de Chandavila em Badajoz, Extremadura, Espanha, em 1945.
Em carta publicada ontem (22) intitulada “Uma luz em Espanha” e dirigida ao arcebispo de Mérida-Badajoz, Espanha, dom José Rodríguez Carballo; o prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, cardeal Víctor Fernández, declarou o “nihil obstat” (nada impede), previamente proposto pelo arcebispo espanhol.
Com base nas novas normas para o estudo das aparições na Igreja, o cardeal autoriza assim a adesão dos fiéis a essa devoção e permite a sua divulgação, sem “qualquer certeza sobre a autenticidade sobrenatural do fenômeno”.
O que aconteceu em 1945 em Extremadura?
O cardeal diz em sua carta que as meninas Marcelina Barroso Expósito, de dez anos, e Afra Brígida Blanco, de 17 anos, viveram experiências espirituais separadas em 1945.
Marcelina disse que “viu uma forma escura no céu, que noutros momentos se tornou cada vez mais nítida como a Virgem das Dores, com um manto negro cheio de estrelas, sobre um castanheiro”. Para o cardeal Fernández, “a experiência profunda desta jovem, mais do que a visão, foi ter sentido o abraço e o beijo que a Virgem lhe deu na testa”.
“Esta certeza da proximidade carinhosa de Nossa Senhora é talvez a mensagem mais bela. Mesmo que, com o passar dos dias, tanto ela como Afra tenham identificado a figura como sendo a Virgem das Dores, o que mais se destaca é uma presença da Virgem que infunde consolação, encorajamento e confiança”.
O cardeal também diz que quando Nossa Senhora pede a Marcelina “que caminhe de joelhos num trecho de ouriços de castanheiros secos, espinhos e pedras cortantes, não o faz para lhe causar sofrimento. Pelo contrário, pede-lhe confiança diante deste desafio: ‘Não tenhas medo, nada te acontecerá’ “.
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O apelo de Nossa Senhora à confiança no seu amor, continua o cardeal Fernández, “deu a esta criança, pobre e sofrida, a esperança e a experiência de se sentir dignificada”.
Para Fernández, “foi uma experiência de beleza, porque a Virgem apareceu rodeada de constelações luminosas, como as que se podiam admirar à noite nos céus límpidos das pequenas aldeias da Estremadura”.
Depois das supostas visões, segundo a autoridade da Santa Sé, “as duas jovens levaram uma vida discreta e tranquila”.
Ambas se dedicaram às obras de caridade, especialmente ao cuidado dos doentes, idosos ou órfãos, e assim “transmitiam aos que sofriam a doce consolação do amor da Virgem que elas tinham experimentado.”.
“Não há nada que se possa objetar”
Assim, o cardeal Fernández determina que “não há nada que se possa objetar a esta bela devoção, que apresenta a mesma simplicidade que podemos ver em Maria de Nazaré, nossa Santíssima Mãe”.
Ele diz que há muitos “aspectos positivos que indicam uma ação do Espírito Santo em tantos peregrinos que chegam, tanto da Espanha como de Portugal, nas conversões, curas e outros sinais preciosos que acontecem neste lugar”.
Por isso, o dicastério “apresenta com muito agrado” que dom Rodríguez Carballo proceda à declaração do proposto “nihil obstat“, “de modo que o Santuário de Chandavila, herdeiro de uma rica história de simplicidade, de poucas palavras e de muita devoção, possa continuar a oferecer aos fiéis que dele desejam se aproximar, um lugar de paz interior, de consolação e de conversão”.
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