21 de nov de 2024 às 16:44
Um relatório divulgado recentemente por um grupo de vigilância europeu revelou quase 2, 5 mil casos registrados de crimes de ódio contra cristãos que vivem na Europa. Cerca de mil desses ataques ocorreram na França.
Segundo um relatório do Observatório sobre Intolerância e Discriminação Contra Cristãos na Europa (OIDAC Europe), que se baseou em dados policiais e da sociedade civil, 2.444 crimes de ódio anticristãos e atos de discriminação e intolerância ocorreram em 35 países europeus entre 2023 e 2024.
Desses ataques, 232 constituíram ataques pessoais de assédio, ameaças e agressões físicas contra cristãos.
Países mais afetados: França, Inglaterra e Alemanha
Quase mil dos crimes de ódio anticristãos registrados na Europa no ano passado ocorreram na França, com 90% dos ataques sendo cometidos contra igrejas ou cemitérios. O relatório também revelou que houve cerca de 84 ataques pessoais contra indivíduos.
Além de agressões físicas, o relatório citou dados do Observatório do Patrimônio Religioso Francês, que registrou oito casos confirmados de incêndio criminoso contra igrejas na França no ano passado e 14 ataques nos primeiros dez meses de 2024. Vários casos relatados foram por conta de “coquetéis molotov”, bomba incendiária improvisada com gasolina.
Comunidades religiosas também relataram incidentes de perseguição. Duas freiras citadas no relatório, por exemplo, anunciaram no ano passado que deixariam a cidade de Nantes por conta da “hostilidade e insegurança constantes”. As freiras teriam sofrido “espancamentos, cusparadas e insultos”.
O Reino Unido ficou logo atrás da França, segundo o relatório, com 702 crimes de ódio anticristãos relatados, um aumento de 15% desde o ano passado.
O relatório também incluiu como atos anticristãos incidentes de cristãos sendo processados por orarem silenciosamente nas chamadas “zonas-tampão” nas imediações de clínicas de aborto.
O relatório disse que na Alemanha, o terceiro país mais afetado, estatísticas oficiais do governo registraram 277 “crimes de ódio com motivação política” contra cristãos no ano passado, um aumento de 105% em relação a 2022, quando foram registrados 103 ataques.
A OIDAC Europe estimou de forma independente que “pelo menos 2 mil casos de danos materiais em locais de culto cristãos ocorreram em 2023”.
Motivos e perpetradores de crimes de ódio anticristãos
Segundo o OIDAC Europe, dos 69 casos documentados em que os motivos e os antecedentes dos perpetradores puderam ser contabilizados com precisão, 21 deles foram provocados por uma agenda islâmica radical, 14 eram de natureza antirreligiosa, 13 estavam vinculados a motivos políticos de extrema esquerda e 12 estavam “ligados à guerra na Ucrânia”.
O relatório também disse que os números sobre isso permaneceram inalterados em comparação com 2022, “exceto para casos com antecedentes islâmicos, que aumentaram de 11 para 21”.
Empurrado para as margens silenciosas
Além dos ataques abertos, o relatório do OIDAC Europe destacou um fenômeno crescente de discriminação no local de trabalho e na vida pública, levando a um aumento da autocensura entre os que praticam sua fé.
Segundo um estudo do Reino Unido de junho citado no relatório, 56% dos 1.562 entrevistados disseram ter “sofrido hostilidade e ridicularização ao discutir suas crenças religiosas”, um aumento geral de 61% entre aqueles com menos de 35 anos; e 18% dos que participaram do estudo disseram ter sofrido discriminação, particularmente entre os que fazem parte faixas etárias mais jovens.
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Mais de 280 participantes na mesma pesquisa disseram que “sentiram que foram prejudicados por causa de sua religião”.
“Fui intimidada no meu local de trabalho, me fizeram sentir inferior, apesar de ter muito sucesso no meu trabalho em outros ambientes, até que eu saí”, disse uma entrevistada de quase 50 anos na pesquisa. Um homem de 50 anos entrevistado disse: “Qualquer menção à fé em um CV desqualifica algupem para uma entrevista. Minha avaliação anual foi reduzida porque falei de Cristo”.
O relatório disse que a maioria da discriminação ocorre devido à “expressão de crenças religiosas sobre questões sociais”. No entanto, no Reino Unido, essas instâncias se estenderam a conversas privadas e publicações em contas privadas de mídia social, segundo o relatório.
Um caso envolvendo Kristie Higgs, mãe de duas crianças, foi citado no relatório. Higgs foi demitida de seu emprego como assistente pastoral depois de divulgar, em uma publicação privada no Facebook, “preocupações sobre a promoção da ideologia de gênero nas aulas de educação sexual na escola primária de seu filho”.
“Não sou a única a ser tratada dessa forma — muitos dos outros aqui para me apoiar hoje enfrentaram consequências semelhantes”, disse Higgs depois de sua audiência no Tribunal de Apelações do Reino Unido no mês passado.
“Não se trata apenas de mim”, disse ela. “Não pode ser certo que tantos cristãos estejam perdendo seus empregos ou enfrentando disciplina por compartilhar a verdade bíblica, nossas crenças cristãs”.
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Interferência do governo na Igreja
Foram citados dois casos de interferência governamental na autonomia religiosa da Igreja.
Um caso ocorreu na França, em que um tribunal civil secular “decidiu contra os procedimentos canônicos internos da Santa Sé” em um caso sobre uma freira francesa que foi demitida de sua ordem. A Santa Sé enviou uma carta à embaixada francesa em resposta à decisão, que chamou de “uma violação séria dos direitos fundamentais de liberdade religiosa e liberdade de associação dos fiéis católicos”.
Na Bélgica, o relatório disse também que dois bispos foram condenados e obrigados a pagar indenização financeira depois de se recusarem a admitir uma mulher em um programa de treinamento para diaconato, apesar da lei de direitos humanos, que protege os direitos de instituições religiosas como a Igreja, de decidir sobre questões como a ordenação do clero sem interferência do Estado.
Recomendações
“Como a liberdade de pensamento, consciência e religião é uma pedra angular para sociedades livres e democráticas, esperamos que os estados não comprometam a proteção desses direitos fundamentais e, assim, garantam um clima aberto e pacífico em nossas sociedades”, concluiu o relatório.
O relatório do OIDAC Europe inclui várias recomendações aos governos de países europeus, a instituições de direitos humanos, à União Europeia, a membros da mídia e outros “líderes de opinião”, e a igrejas e indivíduos cristãos.
As recomendações da organização de vigilância incluem um apelo para salvaguardar a liberdade de expressão, relatórios mais robustos sobre intolerância e discriminação contra cristãos, o abandono do “discurso de ódio” anticristão na esfera pública e para que pessoas de fé se envolvam em discursos públicos como um meio de “diálogo entre religião e sociedade secular”.
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