Papa recebe no hospital cartas de presos que ele encontraria hoje

Papa recebe no hospital cartas de presos que ele encontraria hoje

O papa Francisco ia se encontrar hoje (17) com um grupo de prisioneiros da prisão de San Vittore, em Milão, Itália, nos estúdios de cinema Cinecittà, em Roma. Mas, depois de ser internado  na Policlínica Gemelli, em Roma, o evento foi cancelado.

“Foi difícil para eles aceitarem, porque também representava uma oportunidade de sair, ver a luz do sol e respirar liberdade por algumas horas”, disse presidente da associação Amici della Nave, Eliana Onofrio.

Desde 2018, essa organização trabalha com o projeto penitenciário La Nave, que ajuda presos em prisões italianas com problemas de dependência de drogas e álcool.

Em colaboração com a associação de saúde Asst Santi Paolo e Carlo, eles fazem um programa de reabilitação no qual a música é uma ferramenta terapêutica fundamental.

“A música os ajuda a relaxar e a se conectar consigo mesmos; É uma parte essencial do processo de reeducação que acompanha a reabilitação para mantê-los longe dos vícios”, disse Onofrio.

Assim que receberam a confirmação oficial da Santa Sé de que o evento havia sido cancelado, eles comunicaram a notícia aos detentos. Depois da frustração inicial, alguns deles decidiram escrever uma carta ao papa.

“Foi um gesto espontâneo para expressar seu amor e carinho”, disse Onofrio.

Em uma das cartas, um prisioneiro disse estar triste, pois “tudo foi organizado com muito detalhe” para dar ao papa Francisco um concerto no qual eles colocaram todo seu esforço e amor. Ele o considera uma figura central em sua vida, diz estar próximo ao papa e que o manterá em suas orações.

Outro detento lamenta não ter conseguido encontrá-lo, mas entende que essa é “uma pausa necessária devido à sua constante dedicação e esforço”.

Mas, enfatizou que o mais importante é a saúde de Francisco e prometeu orações por uma rápida recuperação. Ele também pediu que o papa não se sentisse “triste pelo cancelamento do evento” e espera que ele recupere em breve as forças para voltar ao Vaticano.

Graças à mediação do Dicastério para a Cultura e a Educação da Santa Sé, as cartas serão entregues ao papa, que ainda está internado.

O poder da música e da reintegração

Há mais de duas décadas, a associação Amici della Nave acompanha esses detentos em vários eventos fora da prisão. Entre eles, destaca-se o concerto que fizeram em 9 de abril de 2019 no teatro La Scala, em Milão.

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“Ainda me lembro da viagem e da expressão de emoção nos rostos deles quando desceram do ônibus e pisaram em um palco tão importante”, relembrou Onofrio.

Concerto no teatro La Scala de Milão em 9 de abril de 2019. Imagem cedida pela associação Amici della Nave
Concerto no teatro La Scala de Milão em 9 de abril de 2019. Imagem cedida pela associação Amici della Nave

Atualmente, 70 presos italianos fazem parte do coral, além de voluntários e ex-detentos que alcançaram a plena reintegração depois de uma vida marcada pelo crime.

As celas de San Vittore, pequenas e frias, estão cheias de histórias de tropeços e sofrimentos. Lá, os presos aguardam a sentença final. Quando chegam ao regime aberto, são transferidos para outras prisões.

Alguns cometeram crimes graves, mas têm direito a uma segunda chance. Às vezes, eles só precisam de “um ombro para chorar e ter um vislumbre de uma nova vida”, disse Onofrio.

Até na prisão há coisas boas. De fato, a luz da esperança e da bondade pode surgir depois de anos de criminalidade, quando tudo parece perdido.

“Conheci um homem de 35 anos que era traficante de drogas e que, desde os 26, entrava e saía da prisão. Um dia, algo dentro dele mudou para sempre”, disse Onofrio sobre uma dessas histórias de conversão.

“Não foi fácil. Ele estava acostumado a dinheiro fácil e a um estilo de vida luxuoso. Ele teve que aprender que trabalho honesto exige esforço e sacrifício”, disse ela.

Com perseverança e ajuda, ele conseguiu escapar do círculo do crime. Agora, ele acompanha o coral e participa de oficinas de prevenção em escolas, onde divulga seu depoimento para alertar os jovens sobre os perigos da criminalidade.

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Um coral que transforma vidas

O coral não é só um canal de expressão artística para os presos, mas também promove igualdade e inclusão.

“Funciona porque coloca todos no mesmo nível: presos, ex-prisioneiros, voluntários e trabalhadores”, disse Onofrio.

Ao longo dos anos, tornou-se um ponto de encontro em que, independentemente do passado de cada um, todos se apoiam e crescem juntos.

FONTE: ACI Digital

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Ivaldo Lima

Graduado em Sistema para Internet e Comunicação Social, Radialista com especialização em Marketing Digital!
Graduando em Teologia Católica.
Pós-Graduação em Doutrina Social da Igreja e Ordem Social!