21 de mai de 2024 às 16:28
O papa Francisco reiterou vigorosamente seu veto a um diaconato feminino ordenado, mantendo o que para o papa tem sido uma posição consistentemente firme contra ordenação de mulheres.
O papa fez as afirmações esta semana em uma entrevista com a âncora da rede de TV americana CBS News, Norah O’Donnell, no 60 Minutes, principal programa de entrevistas da rede.
“Muitos meninos e meninas virão aqui no fim do próximo mês para a Jornada Mundial das Crianças”, disse O’Donnell ao papa. “E estou curiosa, para uma menina que cresce como católica hoje, ela algum dia terá a oportunidade de ser diaconisa e participar como membro do clero na Igreja?”
“Não”, respondeu o papa.
Pressionado por O´Donnell sobre se o diaconato feminino é “algo a que ele está aberto”, Francisco respondeu: “Se forem diaconisas com ordens sagradas, não”.
“Mas as mulheres sempre tiveram, eu diria, a função de diaconisas sem serem diaconisas, certo?”, disse o papa. “As mulheres prestam um grande serviço como mulheres, não como ministras, como ministras nesse sentido, dentro das ordens sagradas.”
O papa destacou na entrevista a importância do papel das mulheres na Igreja Católica, descrevendo-as como “aquelas que fazem avançar as mudanças, todo o tipo de mudanças”.
“Elas são mais corajosas que os homens. Eles sabem a melhor forma de proteger a vida”, disse o papa. “As mulheres são guardiãs magistrais da vida. As mulheres são ótimas. Elas são muito boas. E abrir espaço na Igreja para as mulheres não significa dar-lhes um ministério, não. A Igreja é mãe e são as mulheres na Igreja que ajudam a promover essa maternidade”.
“Não se esqueça que quem nunca abandonou Jesus foram as mulheres”, destacou o papa. “Todos os homens fugiram.”
Francisco reafirmou no ano passado a impossibilidade de as mulheres se tornarem sacerdotes, ou mesmo diaconisas da Igreja moderna, ao declarar que “as ordens sagradas são reservadas aos homens”.
O papa, em sua discussão com O’Donnell – a sua primeira longa entrevista a uma rede de TV dos EUA – falou de tópicos como a imigração, a guerra e o antissemitismo.
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Aqui estão alguns outros destaques das afirmações do papa durante a entrevista, que foi ao ar na íntegra nos EUA na noite de ontem (20):
Sobre os imigrantes que fogem de países violentos para nações mais seguras:
“A solução é a migração, abrir as portas à migração. Para que uma política de imigração seja boa, deve ter quatro coisas: que o migrante seja recebido, assistido, promovido e integrado. Isso é o mais importante: integrá-los à nova vida”.
Sobre lavar os pés de prisioneiras numa prisão feminina em Roma na Quinta-feira Santa:
“É verdade, desta vez eram só mulheres porque era uma prisão feminina. E a mensagem é que homens e mulheres, somos todos filhos de Deus. Que homens e mulheres somos todos apóstolos e todos podemos liderar. Não esqueçamos que os apóstolos mais valentes, os mais corajosos, foram as mulheres: Maria Madalena, Maria Salomé e Maria de Santiago. Elas permaneceram com Jesus até o fim.”
Sobre as mudanças climáticas:
“Infelizmente chegamos a um ponto sem volta. É triste, mas é isso. O aquecimento global é um problema sério. As mudanças climáticas neste momento são um caminho para a morte. Um caminho para a morte, hein? E é uma mudança climática artificial, não? Algo provocado, não as mudanças climáticas normais, certo?”
“Em grande medida, [a culpa é dos países ricos], porque são eles que têm mais uma economia e uma energia baseada em combustíveis fósseis que criam essa situação, certo? São os países que podem fazer mais diferença, dada a sua indústria e tudo mais, não são? Mas é muito difícil criar consciência disso. Eles fazem uma conferência, todos concordam, todos assinam e depois tchau. Mas temos que ser muito claros: o aquecimento global é alarmante.”
Sobre seus planos para a renúncia:
“Isso nunca me ocorreu. Talvez se chegar o dia em que minha saúde não possa ir mais longe. Talvez porque a única enfermidade que tenho é no joelho, e isso está melhorando muito. Mas isso nunca me ocorreu.”
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