1 de dez de 2024 às 09:46
O papa Francisco propôs celebrar os 1700 anos do Primeiro Concílio de Nicéia juntamente com os líderes ortodoxos, numa carta pessoal ao Patriarca Ecumênico Bartolomeu de Constantinopla.
A carta, publicada ontem (30) pela Santa Sé, foi entregue pelo cardeal Kurt Koch, que dirige o Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, durante uma visita a Istambul, Turquia, para a festa de santo André, padroeiro da Igreja Ortodoxa.
“O já iminente 1.700º aniversário do Primeiro Concílio Ecumênico de Nicéia será mais uma oportunidade para testemunhar a crescente comunhão que já existe entre todos aqueles que são batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”, disse Francisco em sua mensagem de ontem (30).
Refletindo sobre seis décadas de diálogo entre católicos e ortodoxos e olhando para as possibilidades futuras de unidade, o papa reconheceu o progresso alcançado desde que o decreto Unitatis redintegratio do Concílio Vaticano II marcou a entrada oficial da Igreja Católica no movimento ecumênico, há 60 anos.
Falando ao programa de televisão EWTN News sobre este aniversário em 21 de novembro, o cardeal Koch disse que os esforços de unidade devem se concentrar “no centro mais íntimo da autorrevelação em Jesus Cristo”.
O cardeal suíço também falou o que chamou de “ecumenismo de sangue”, observando que “os cristãos não são perseguidos porque são católicos, luteranos ou anglicanos, mas porque são cristãos”.
Construindo a paz em tempos de guerra
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Celebrando a “fraternidade renovada” alcançada desde o Concílio Vaticano II, o papa Francisco disse na sua mensagem que a plena comunhão, em particular a partilha do “único cálice eucarístico”, continua sendo um objetivo não alcançado.
Numa observação profunda sobre as tensões globais contemporâneas, o papa relacionou os esforços ecumênicos à construção da paz.
“A fraternidade vivida e o testemunho dado pelos cristãos será também uma mensagem para o nosso mundo atormentado pela guerra e pela violência”, escreveu, mencionando especificamente a Ucrânia, a Palestina, Israel e o Líbano.
O papa também falou da recente participação de representantes ortodoxos no Sínodo da Sinodalidade de outubro.
A tradicional troca de delegações entre Roma e Constantinopla ocorre duas vezes por ano, com representantes católicos que viajam a Istambul para a festa de santo André, em 30 de novembro, e delegados ortodoxos visitando Roma para a festa dos santos Pedro e Paulo, em 29 de junho.
O cardeal Koch liderou a delegação da Santa Sé deste ano. Ele estava acompanhado por monsenhor Flavio Pace, secretário do dicastério, monsenhor Andrea Palmieri, subsecretário, e dom Marek Solczyński, núncio apostólico em Türkiye.
A delegação participou da Divina Liturgia na Igreja Patriarcal de São Jorge, Fanar, e manteve conversações com a comissão sinodal encarregada das relações com a Igreja Católica.
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