10 de jun de 2024 às 12:50
Como parte da preparação para o Jubileu de 2025 e em um gesto que destaca a proximidade entre o governo de Roma e a Santa Sé, o papa Francisco esteve hoje (10) no Capitólio em Roma.
Depois de chegar às 9h (horário local) no monte Capitolino, em Roma, o papa foi recebido pelo prefeito da cidade, Roberto Gualteri. Esta é a segunda vez que o papa Francisco visita esse emblemático enclave romano.
Segunda visita do papa Francisco ao Capitólio durante seu pontificado
Depois de ouvir o toque das trombetas dos fiéis da cidade de Vitorchiano, o papa entrou no Tabularium com o prefeito e parou em frente ao primeiro arco com vista para o Fórum Romano. Depois, foram ao Palazzo Senatorio, onde fizeram uma reunião privada no gabinete do prefeito.
Em seguida, o papa Francisco saudou os membros do gabinete do prefeito reunidos na Sala dell’Arazzo. Depois, na Sala delle Bandiere, assinou o chamado “Livro de Ouro” da Câmara Municipal de Roma e, em seguida, na Sala Giulio Cesare, reuniu-se com conselheiros, vereadores e outras autoridades convidadas.
Depois de uma troca de presentes, o papa Francisco e Gualtieri apareceram na Loggia do Palazzo Senatorio e saudaram os cidadãos romanos reunidos na Piazza del Campidoglio.
Roma, “um farol de estabilidade e segurança”
Em seu discurso, o papa Francisco analisou o curso da história de Roma, desde a época do Império Romano até a chegada dos papas.
Em primeiro lugar, disse que a Roma antiga “tornou-se um farol para onde muitos povos foram gozar de estabilidade e segurança”.
O papa disse que “a aspiração daquela civilização, que havia atingido o auge de seu florescimento, oferece uma explicação adicional para a rápida disseminação da mensagem cristã na sociedade romana”.
Ele também falou sobre “o testemunho brilhante dos mártires e o dinamismo da caridade das primeiras comunidades de crentes”, que interceptaram a necessidade de ouvir novas palavras, “de vida eterna”.
“O Olimpo já não era suficiente, era necessário ir ao Gólgota e ao túmulo vazio do Ressuscitado para encontrar as respostas para o anseio por verdade, justiça e amor”, disse Francisco.
O papa disse que “essa Boa Nova, a fé cristã, com o tempo permearia e transformaria a vida das pessoas e das próprias instituições”.
Francisco recordou os anos da escravidão e lamentou que “quase inconscientemente, às vezes corremos o risco de ser seletivos e parciais na defesa da dignidade humana, marginalizando ou descartando certas categorias de pessoas, que acabam se encontrando sem proteção adequada”.
Francisco disse “que a Roma dos Césares foi sucedida – por assim dizer – pela Roma dos papas, os sucessores do Apóstolo Pedro, que ‘presidiam com caridade’ toda a Igreja e que, em alguns séculos, também tiveram que desempenhar um papel de substituto dos poderes civis na progressiva desintegração do mundo antigo”.
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“Muitas coisas mudaram, mas a vocação de Roma para a universalidade foi confirmada e exaltada”, disse o papa.
O Jubileu, uma “peregrinação de oração e penitência”
O papa destacou que Roma se prepara agora para acolher o Jubileu de 2025, evento que descreveu como “uma peregrinação de oração e penitência para obter da misericórdia divina uma reconciliação mais completa com o Senhor”.
O papa também disse que o evento “não pode deixar de envolver também a cidade em termos de cuidados e obras necessárias para acolher os muitos peregrinos que a visitarão”.
Por isso, Francisco agradeceu às autoridades municipais o empenho em preparar a cidade para acolher os peregrinos do próximo Jubileu e ao governo italiano “a sua plena disponibilidade para cooperar com as autoridades eclesiásticas para o êxito do Jubileu, confirmando o desejo de cooperação amigável que caracteriza as relações mútuas entre a Itália e a Santa Sé”.
O valor da cidade de Roma
O papa destacou que “Roma é uma cidade com um espírito universal” e que “esse espírito quer estar a serviço da caridade, a serviço da acolhida e da hospitalidade”.
“Que Roma continue a mostrar sua verdadeira face, uma face acolhedora, hospitaleira, generosa e nobre”, disse Francisco.
“Tudo isto é Roma, a sua especificidade, única no mundo, a sua honra, a sua grande atração e a sua responsabilidade para com a Itália, para com a Igreja, para com a família humana”, disse o papa.
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Francisco disse que cada um dos problemas de Roma “é o ‘reverso’ de sua grandeza e, a partir de um fator de crise, pode se tornar uma oportunidade de desenvolvimento: civil, social, econômico, cultural”.
“O imenso tesouro de cultura e história que jaz nas colinas de Roma é a honra e o fardo de sua cidadania e de seus governantes, e espera ser adequadamente valorizado e respeitado. Que renasça em todos a consciência do valor de Roma, do símbolo que ela representa em todos os continentes; e que se confirme, ou melhor, cresça, a colaboração ativa recíproca entre todos os poderes que nela residem, para uma ação coral e constante que a torne ainda mais digna do papel que o destino, ou melhor, a Providência, lhe reservou”, disse o papa.
Francisco também disse que, como bispo de Roma, uma de suas prioridades é se sentir próximo de seus sacerdotes, e afirmou que por isso visita as dioceses das periferias.
Por fim, falou da sua devoção ao ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani, protetora da cidade romana, a quem pediu que “vele sobre a cidade e o povo de Roma, infunda esperança e suscite caridade, para que, confirmando suas mais nobres tradições, continue a ser, também em nosso tempo, um farol de civilização e promotora da paz”.
Depois disso, o papa foi ao Portico del Vignola, onde, ao som de trombetas, o papa Francisco se despediu do prefeito Roberto Gualtieri e deixou o Capitólio para voltar ao Vaticano.
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