9 de fev de 2025 às 13:02
O papa Francisco foi obrigado a ceder a um colaborador a leitura da homilia da missa a que celebrou na Praça de São Pedro por ocasião do Jubileu das Forças Armadas, da Polícia e das Forças de Segurança. Ele pediu desculpas por não continuar a leitura por causa da “dificuldade de respirar”.
“Agora peço desculpa e peço ao mestre que continue a leitura por causa da dificuldade de respirar”, disse o papa, com a voz um pouco rouca depois de ler a primeira parte da homilia que tinha preparado.
![O papa Francisco quis ler a primeira parte da homilia, mas teve de interromper a leitura. Captura de vídeo/Vatican Media](https://i0.wp.com/admin.acidigital.com/images/screenshot-2025-02-09-at-10.56.07-67a8cf4313f24.webp?ssl=1)
Em seguida, entregou o texto ao mestre das celebrações litúrgicas do Vaticano, Diego Ravelli, que continuou a leitura da homilia.
Apesar da bronquite do papa Francisco, a cerimônia solene, da qual participaram várias associações e academias militares de todo o mundo, bem como bispos e capelães militares, aconteceu na Praça de São Pedro e, portanto, ao ar livre, numa manhã chuvosa e fria, típica do inverno de Roma.
Esta foi a sua primeira saída do lado de fora, desde que anunciou que estava com um forte resfriado na Audiência Geral de quarta-feira passada. No dia seguinte, todos os seus compromissos foram transferidos do Palácio Apostólico para a Casa Santa Marta, a sua residência no Vaticano, e a Sala de Imprensa da Santa Sé confirmou que ele estava com bronquite.
![A praça de São Pedro na manhã chuvosa e fria de hoje (9). Captura de vídeo/Vatican Media](https://i0.wp.com/admin.acidigital.com/images/screenshot-2025-02-09-at-09.55.50-67a8cf77011a1.webp?ssl=1)
No entanto, o papa não cancelou os compromissos agendados para esta semana.
Na a missa, Francisco aplaudiu o trabalho das forças de segurança que arriscam “as suas próprias vidas” para combater o crime, mas pediu-lhes que estejam vigilantes contra “a tentação de cultivar um espírito de guerra”.
“Peço-vos que sejais vigilantes: vigilantes contra a tentação de cultivar um espírito de guerra; vigilantes para não vos deixardes seduzir pelo mito da força e pelo rumor das armas; vigilantes para não serdes contaminados pelo veneno da propaganda do ódio, que divide o mundo entre amigos a defender e inimigos a combater”, disse o papa na homilia.
Segundo os organizadores, mais de 30 mil militares de mais de cem países se inscreveram para o evento e atravessaram a Porta Santa da basílica de São Pedro, no âmbito do programa previsto para o Jubileu das Forças Armadas, que terminou hoje, (9).
O papa destacou o seu trabalho, sempre do lado da “legalidade” e a favor dos “mais fracos”, que constitui “uma lição” para toda a sociedade.
“A vós está confiada uma grande missão, que abrange múltiplas dimensões da vida social e política: a defesa dos nossos países, o empenho em prol da segurança, a guarda da legalidade e da justiça, a presença nas prisões, a luta contra a criminalidade e as diferentes formas de violência que ameaçam perturbar a paz social”, disse na homilia.
Também elogiou o “importante serviço” prestado pelas forças de segurança “em situação de catástrofes naturais, na salvaguarda da criação, no resgate de vidas em alto mar, na defesa dos mais frágeis, na promoção da paz”.
![A missa contou com a presença de mais de 30 mil pessoas que trabalham no campo militar. Captura de vídeo/Vatican Media](https://i0.wp.com/admin.acidigital.com/images/screenshot-2025-02-09-at-10.32.50-67a8cf92abee6.webp?ssl=1)
Por outro lado, assegurou que o seu trabalho mostra que, “apesar de tudo, o bem pode vencer” e que “a justiça, a lealdade e a paixão cívica continuam a ser valores necessários hoje em dia”, apesar das forças opostas do mal.
Francisco refletiu sobre a passagem do Evangelho de Lucas que relata a desilusão dos pecadores nas margens do lago de Genesaré, que lavavam as redes depois de terem trabalhado toda a noite sem terem recolhido nada.
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Falou sobre o significado da resposta de Jesus com base em três ações: Jesus viu, subiu e sentou-se.
1. Jesus viu
O papa Francisco observou que Jesus “tem um olhar atento” que lhe permite ver o desconforto e a frustração dos pescadores.
2. Jesus subiu
Depois subiu na barca de Simão “abrindo caminho naquele fracasso que habita o seu coração”, disse.
“E isto é bonito: Jesus não se limita a observar as coisas que não correm bem, como nós fazemos muitas vezes, acabando por nos fecharmos em lamentos e amarguras; em vez disso, Ele toma a iniciativa, vai ao encontro de Simão, detém-se com ele naquele momento difícil e decide subir para a barca da sua vida, que naquela noite regressou à terra sem nenhum resultado”, disse.
3. Jesus se sentou
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O papa disse que Jesus entrou na barca “para narrar a beleza de Deus no meio das dificuldades da vida humana, para fazer sentir que, mesmo quando tudo parece perdido, ainda há esperança”.
O milagre, disse, acontece “quando o Senhor sobe para o barco da nossa vida” e “a esperança renasce, o entusiasmo perdido retorna e podemos lançar de novo as redes ao mar”.
Francisco convidou as forças de segurança presentes a terem “um olhar atento, capaz de captar as ameaças ao bem comum, os perigos que pairam sobre a vida dos cidadãos, os riscos ambientais, sociais e políticos a que estamos expostos”.
O papa disse que o importante não é apenas ver o mal “para o denunciar, mas subir a bordo do barco que está numa tempestade e, com a missão ao serviço do bem, da liberdade e da justiça, empenhar-se para que ele não afunde”.
Os capelães militares não abençoam as ações perversas da guerra
O papa Francisco se referiu também à tarefa de acompanhamento moral e espiritual desempenhada pelos capelães militares num regimento ou batalhão.
“Eles não servem – como por vezes e infelizmente aconteceu na história – para abençoar atos perversos de guerra”, disse.
Dos 30 mil inscritos no site oficial do Jubileu da Esperança, 20 mil eram provenientes da Itália. Outros países também estiveram muito representados no evento, como Espanha, EUA, Eslováquia, Eslovênia, Ucrânia, França, Brasil, Croácia, Colômbia, Paraguai, Indonésia, Argentina, Suíça, Áustria, Lituânia, Bélgica, Países Baixos, Equador, Irlanda, Austrália e Nova Zelândia.
Apesar de estarem particularmente empenhados na segurança do papa Francisco e da Praça de São Pedro, não faltaram delegações da Guarda Suíça, da Gendarmaria e dos Bombeiros do Vaticano.
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