DÍLI, 9 de set de 2024 às 15:30
O papa Francisco confiou Timor-Leste, país de maioria católica, à Bem-Aventurada Virgem Maria ao chegar hoje (9) ao país em sua viagem apostólica de 11 dias pela Ásia e pela Oceania.
“Confio Timor-Leste e todo o seu povo à proteção da Imaculada Conceição, vossa celeste Padroeira, aqui invocada com o título de Virgem de Aitara”, disse o papa na cerimônia de boas-vindas no Palácio Presidencial Nicolau Lobato na capital, Díli.
“Que Ela vos acompanhe e ajude sempre na missão de construir um país livre, democrático e solidário, onde ninguém se sinta excluído e todos possam viver em paz e com dignidade”.
O papa Francisco é o primeiro papa a visitar Timor-Leste desde que o país conquistou sua independência da Indonésia em 2002, tornando-se o primeiro novo estado soberano do século XXI. Francisco segue os passos do papa são João Paulo II, que fez uma visita apostólica ao Timor-Leste em 1989, quando ainda era uma província da Indonésia.
O país é predominantemente católico, com católicos representando 98% da população de 1,3 milhões de habitantes de Timor-Leste.
O presidente de Timor-Leste, José Manuel Ramos-Horta, ganhador do Prêmio Nobel da Paz e figura proeminente na luta de Timor-Leste pela independência, descreve seu país como “o segundo país mais católico depois da Cidade do Vaticano”.
A visita do papa Francisco ao Timor-Leste marca o 25º aniversário de sua independência, na qual a Igreja desempenhou um papel importante na defesa dos direitos humanos.
Multidões enormes se aglomeraram nas ruas de Díli por quilômetros para a chegada do papa, agitando bandeiras da Santa Sé e ficando sob guarda-sóis amarelos e brancos especiais com símbolos da Santa Sé para se protegerem do sol do meio-dia.
Na cerimônia oficial de boas-vindas no palácio presidencial, o papa Francisco recebeu uma salva de 21 tiros e uma guarda de honra antes de 29 crianças em trajes tradicionais oferecerem flores ao papa e colocarem um pano tradicional Tais timorense em seus ombros. Muitas mulheres na recepção papal usavam véus católicos, com algumas enxugando lágrimas ao ver o papa enquanto o hino nacional do era tocado.
O papa encorajou o novo país, que enfrenta dificuldades desde que conquistou a independência, a seguir as doutrinas sociais da Igreja e investir na educação à medida que continua a se desenvolver.
“Vocês são um povo jovem. Não estou me referindo à sua cultura e história, que são bastante antigas, mas ao fato de que cerca de 65% da população de Timor-Leste tem menos de 30 anos”, disse Francisco.
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“Essa estatística nos diz que a primeira área em que você deve investir é na educação, na família e nas escolas”, disse o papa.
Nos anos depois de Timor-Leste conquistar sua independência, o país teve uma das maiores taxas de fertilidade do mundo, com quase sete nascimentos por mãe.
A visita do papa Francisco ao Timor Leste ocorre num momento em que o jovem país lida com um escândalo de abuso sexual. O bispo timorense Carlos Ximenes Belo, herói nacional e ganhador do Prêmio Nobel da Paz, foi punido pela Santa Sé por abusar sexualmente de meninos por décadas. A Santa Sé colocou restrições disciplinares a Belo em 2020, limitando seus movimentos e proibindo-o de entrar em contato com menores.
Ao falar a autoridades e dignitários timorenses, o papa Francisco, em seu discurso dentro do palácio presidencial, mencionou o escândalo, ao destacar a importância de proteger os jovens.
“Não esqueçamos também que essas crianças e adolescentes têm sua dignidade violada — o fenômeno está surgindo em todo o mundo. Em resposta, somos todos chamados a fazer todo o possível para prevenir todo tipo de abuso e garantir uma infância saudável e pacífica para todos os jovens”, disse Francisco.
O papa também expressou sua preocupação com o “flagelo” da violência de gangues, descrevendo como brigas entre clubes rivais de artes marciais levaram a mortes e ferimentos. Uma proibição nacional de treinamento de artes marciais em Timor-Leste estava entre os protocolos de segurança reforçados do governo implementados para a visita papal.
“Esses membros de gangues são treinados em artes marciais, mas em vez de usar esse conhecimento a serviço dos indefesos, eles o usam como uma oportunidade para mostrar o poder passageiro e prejudicial da violência”, disse o papa.
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Timor-Leste é um dos países menos visitados do mundo. As duas línguas oficiais são o tétum e o português, um legado dos séculos de domínio colonial português na ilha.
O pequeno país, que tem 15.007 km² de área, usa o dólar americano como moeda. É um dos países mais pobres do sudeste da Ásia, com mais de 40% da população vivendo abaixo da linha nacional de pobreza.
Timor-Leste é a terceira parada na viagem do papa de 2 a 13 de setembro a quatro países no sudeste da Ásia e na Oceania. Enquanto estiver em Timor-Leste, o papa vai se encontrar com jovens, discursar para o clero da ilha numa das maiores catedrais do sudeste da Ásia e celebrar uma grande missa ao ar livre, à qual centenas de milhares de pessoas devem comparecer.
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