18 de abr de 2024 às 09:58
O papa Francisco recebeu na manhã de hoje (18), no Vaticano, as superioras e delegadas das monjas carmelitas descalças, que se reuniram nos últimos dias para refletir e revisar suas constituições.
O papa se referiu a esse momento como um “tempo do Espírito”, no qual “são chamadas a viver como uma ocasião de oração e discernimento”.
“Permanecendo interiormente abertos ao que o Espírito Santo deseja lhes sugerir, têm a tarefa de encontrar novas linguagens, novos caminhos e novos instrumentos que deem maior entusiasmo à vida contemplativa que o Senhor as chamou a abraçar”.
Para que “o carisma seja preservado – o carisma é o mesmo – e possa ser compreendido e atrair muitos corações para a glória de Deus e o bem da Igreja”, acrescentou o papa.
Francisco destacou que revisar as constituições da ordem significa “recorrer à memória do passado, não negá-la, para olhar para o futuro”.
“Vocês me ensinam que a vocação contemplativa não leva a guardar as cinzas, mas a alimentar um fogo que arde de maneira sempre nova e pode aquecer a Igreja e o mundo”, disse o papa.
Para Francisco, o que está contido nas constituições “é uma riqueza que deve permanecer aberta às sugestões do Espírito Santo, à perene novidade do Evangelho, aos sinais que o Senhor nos dá através da vida e dos desafios humanos. Assim, se preserva um carisma”.
O papa disse que isso é verdade para todos os institutos de vida consagrada, “mas vocês, mulheres de clausura, experimentam isso de modo particular, porque vivem plenamente a tensão entre a separação do mundo e a imersão nele”.
“Certamente não se refugiam em uma consolação espiritual íntima ou em uma oração desvinculada da realidade; ao contrário, o caminho de vocês é um caminho no qual é necessário deixar-se afetar pelo amor de Cristo até unir-se a ele, para que esse amor permeie toda a existência e se expresse em cada gesto e em cada ação cotidiana”.
O papa disse que “a vida contemplativa não corre o risco de ser reduzida a uma forma de inércia espiritual, que distrai das responsabilidades da vida cotidiana, mas a vida contemplativa continua fornecendo a luz interior para o discernimento”.
“E de que luz vocês precisam para revisar as Constituições, enfrentando os muitos problemas concretos dos mosteiros e da vida comunitária? A luz é esta: a esperança no Evangelho”, disse.
Para o papa Francisco, a esperança do Evangelho “é diferente das ilusões fundadas em cálculos humanos”, pois significa ” abandonar-se em Deus, aprender a ler os sinais que Ele nos dá para discernir o futuro, saber tomar alguma decisão ousada e arriscada, mesmo quando a meta para a qual ela nos conduzirá permanece oculta naquele momento”.
” É, sobretudo, não confiar apenas nas estratégias humanas, nas estratégias defensivas quando se trata de refletir sobre um mosteiro que deve ser salvo ou abandonado, sobre formas de vida comunitária, ou sobre vocações”, continuou.
Segundo Francisco, “as estratégias defensivas são o resultado de um regresso nostálgico ao passado. Isso não funciona, a nostalgia não funciona, a esperança evangélica vai no sentido contrário, nos dá a alegria da história vivida até hoje e nos torna capazes de olhar para o futuro, com aquelas raízes que recebemos”.
“E isso se chama preservar o carisma, a ilusão de seguir em frente, e isso funciona”, enfatizou.
Por fim, o papa Francisco as encorajou a olhar “para o futuro com esperança evangélica e com os pés descalços, ou seja, com a liberdade do abandono em Deus”.
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