24 de jan de 2025 às 15:30
O papa Francisco criticou notícias que são “distorcidas” para gerar “fanatismo” ou para manipular a opinião pública em mensagem para o 59º Dia Mundial das Comunicações Sociais. O conteúdo foi divulgado hoje (24), na festa de São Francisco de Sales, padroeiro dos comunicadores, embora a Igreja celebre o Dia Mundial das Comunicações Sociais em 1 de junho.
“Neste nosso tempo marcado pela desinformação e pela polarização, no qual alguns centros de poder controlam uma grande massa de dados e de informações sem precedentes, dirijo-me a vós consciente do quanto, hoje mais do que nunca, é necessário o vosso trabalho de jornalistas e comunicadores”, disse o papa.
Na mensagem, com o tema “Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações” (cf. 1 Pd 3,15-16), Francisco lamentou que muitas vezes a comunicação “não gera esperança, mas sim medo e desespero, preconceitos e rancores, fanatismo e até ódio” e pediu especificamente pelo desenvolvimento de conteúdos informativos que não “vendem ilusões ou medos”, mas sejam capazes de “dar razões para ter esperança”.
Francisco disse que, muitas vezes, a realidade é simplificada para provocar “reações instintivas” e que informações falsas ou “habilmente distorcidas” são usadas até para enviar mensagens destinadas a “exaltar os ânimos, a provocar e a ferir”.
“Já várias vezes insisti na necessidade de ‘desarmar’ a comunicação, de a purificar da agressividade. Nunca dá bom resultado reduzir a realidade a slogans”, disse também o papa Francisco.
O papa lamentou que os espaços comunicativos identifiquem um “ ‘inimigo’ a quem atacar verbalmente”.
Como exemplo disso, Francisco denunciou as “guerras verbais nas redes sociais” em que prevalece o paradigma “da competição, da contraposição, da vontade de dominar e possuir, da manipulação da opinião pública”.
O papa Francisco falou sobre outro fenômeno, que definiu como a “dispersão programada da atenção” através de sistemas digitais, que, ao traçar o perfil das pessoas segundo a lógica do mercado, alteram a “percepção da realidade”.
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O papa falou assim sobre como as redes sociais são usadas para ditar opiniões com notícias que não são verificadas, não são confiáveis e só buscam mover a opinião pública numa direção ou em outra.
“Quando o seu rosto e a sua dignidade são obscurecidos de modo a escarnecê-lo e ridicularizá-lo, perde-se igualmente a possibilidade de gerar esperança”, disse o papa Francisco.
O papa quis também vincular sua mensagem com a esperança, tema principal do atual jubileu ordinário.
“Sonho com uma comunicação que saiba fazer de nós companheiros de viagem de tantos irmãos e irmãs nossos para, em tempos tão conturbados, reacender neles a esperança. Uma comunicação que seja capaz de falar ao coração, de suscitar não reações impetuosas de fechamento e raiva, mas atitudes de abertura e amizade; capaz de apostar na beleza e na esperança mesmo nas situações aparentemente mais desesperadas; de gerar empenho, empatia, interesse pelos outros”, disse Francisco.
O papa Francisco citou a encíclica Spe Salvi , na qual Bento XVI disse que, para os cristãos, a esperança não é “otimismo passivo”, mas, pelo contrário, uma virtude “performativa”.
“A comunicação dos cristãos – e eu diria até a comunicação em geral – deve ser feita com mansidão, com proximidade: eis o estilo dos companheiros de viagem, na peugada do maior Comunicador de todos os tempos, Jesus de Nazaré, que ao longo do caminho dialogava com os dois discípulos de Emaús, fazendo-lhes arder os corações através do modo como interpretava os acontecimentos à luz das Escrituras”, disse o papa.
Francisco também pediu aos comunicadores para que se curem das “doenças” do protagonismo e da autorreferencialidade, para contar as “tantas histórias de bem escondidas por detrás das notícias”.
Por fim, o papa Francisco pediu aos comunicadores que não permitam que “reações instintivas guiem a comunicação” e que semeiem “sempre esperança, mesmo quando é difícil”.
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