13 de jun de 2024 às 05:00
O servo de Deus padre Luso de Barros Matos (1906-1987) era muito devoto de santo Antônio de Pádua. Ele trabalhou 42 anos em Porto Nacional (TO), cidade onde é querido pela população e tem fama de santidade. Sempre carregava no bolso de sua batina um devocionário do santo, que o inspirava na prática da caridade.
“Essa proximidade com santo Antônio é por causa da vida espiritual, da vida de oração, da simplicidade, da proximidade com os pobres. E como dizia santo Antônio e o padre Luso sempre repetia ‘A caridade é o alimento da alma’”, disse à ACI Digital o postulador da causa de beatificação do padre Luso, padre Eldinei Carneiro.
Padre Luso Barros de Matos nasceu no dia 16 de dezembro de 1906, em Balsas (MA). Foi o primeiro dos três filhos de Petronilha de Barros Matos e Prezilino de Araújo Matos. Como ficou órfão de pai muito novo, sua mãe sempre orientou Luso a pedir a bênção a santo Antônio, dizendo-lhe que o santo lisboeta “está substituindo o seu pai”.
Seu sonho era ser padre. “Vou ser padre de Maria”, dizia. Mas por causa de sua saúde frágil, foi recusado seis vezes em diversos seminários. Foi acolhido pela diocese de Porto Nacional, onde foi ordenado no dia 23 de setembro de 1945, na catedral de Nossa Senhora das Mercês.
O padre Luso cultivou a devoção a santo Antônio por toda a vida. Além de carregar no bolso um devocionário do santo, dizia ter visões dele.
Em Porto Nacional, Luso é conhecido como um taumaturgo como santo Antônio. Mas para ex vice-postulador da causa e administrador paroquial de Nossa Senhora da Conceição, em Conceição do Tocantins, o padre Rafael Ferreira, “a maior semelhança com o santo lisboeta na verdade não é a taumaturgia”, mas “a virtude da caridade”.
Ele “não guardava nada para si. Se ganhava uma roupa nova e logo aparecia um desvalido, ele entregava”, continuou o padre Rafael. “Sempre havia alguém mais necessitado do que ele”. Do encontro com o padre Luso, “saiam consolados os enfermos, enlutados, marginalizados de todo norte goiano e outros estados que recorriam a Porto Nacional em busca da bênção do ‘padre santo’. Nenhuma empreita era feita sem a benção do chamado ‘padrinho’”, disse o sacerdote.
Padre Luso era conhecido por suas virtudes e se dedicou ao trabalho pastoral, visitando os doentes. Muitas pessoas relatam ter recebido milagres e graças através da intercessão do padre Luso quando ele ainda era vivo e também depois de sua morte.
Além do devocionário de santo Antônio, sempre levava consigo a imagem de Nossa Senhora de Fátima, que até hoje está na capela São Judas Tadeu, construída por ele nos anos 1960, no bairro Setor Cruzeiro do Sul, em Porto Nacional. Padre Luso morreu de pneumonia aos 81 anos, no dia 3 de agosto de 1987, e foi sepultado na capela são Judas Tadeu.
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Em 23 de dezembro de 2022, o Dicastério para a Causa dos Santos concedeu o nihil obstat (nada obsta), autorizando o seu processo de beatificação. Com isso, ele é considerado servo de Deus.
Segundo o padre Eldinei Carneiro, agora foi montado o “tribunal da fase diocesana, que é composto por várias comissões, comissão de historiadores, teológica, de peritos, para examinar a vida do padre Luso” e assim avançar para a próxima etapa que é a da comprovação das virtudes heroicas para ser declarado venerável. Depois, precisa da comprovação de um milagre para a beatificação e de outro para a canonização.
Casarão Padre Luso
Desde 2021, o seminário diocesano de Porto Nacional tem um memorial do padre Luso aberto ao público. No local há artigos pessoais do padre como roupas, documentos, escritos. Como recebia muitos visitantes, o espaço ficou pequeno e por isso, houve a necessidade de fazer a extensão.
Por isso, foi inaugurado em 31 de maio deste ano o Casarão do Padre Luso, na mesma cidade, que guarda o devocionário de santo Antônio carregado pelo padre. “É uma memória viva da presença de padre Luso para a nossa comunidade católica e para todos os portuenses”, disse o padre Eldinei Carneiro.
Com o casarão, mais pessoas poderão conhecer a sua vida, pois lá há “a linha do tempo da vida do padre Luso. Também traz as relações de amizade que o padre Luso construiu ao longo da vida com médicos, políticos, com empresários, pessoas simples, com as donas de casa, com trabalhadores. Na condição de pároco eu fico muito feliz de fazer parte desta história”, continuou o padre Eldinei.
Segundo a presidente da Associação dos Amigos do Padre Luso, Zulmira Gonzaga Cardono, o Casarão é um espaço grande para que os turistas, visitantes, devotos tenham a experiência com o padre Luso. Tem espaço para que as pessoas possam dar testemunhos das graças recebidas por sua intercessão, palestras sobre a sua vida, rodas de conversas. Também terá uma sala áudio visual com vídeos do padre falando, fotos de batismos, primeira comunhão e casamentos celebrados por ele.
“Para que a gente busque o céu é preciso conhecer a história dos santos, de quem viveu conosco, foi gente como a gente, teve as suas batalhas”, disse Zulmira, que conheceu o padre Luso pessoalmente e hoje se dedica a divulgar a sua vida e obra. “Temos que buscar a santidade e o casarão vai nos dar essa oportunidade de leitura, de reflexão e de fé e de uma busca contínua de santidade”.
Oração ao servo de Deus Padre Luso
Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo,
Nós vos adoramos e vos agradecemos pela imensa humildade e fé
Que infundistes no coração de padre Luso de Barros Matos e por ter-vos dado n’Ele
O apóstolo da caridade, o pai dos pobres,
O benfeitor das famílias sofredoras e abandonadas.
Concedei-nos de imitar o amor ardente e generoso que padre Luso Matos tinha para conosco,
A Igreja, ao papa, aos sacerdotes, aos seminaristas e a todos os aflitos.
Pelos seus méritos de sofrimentos e de sua vida santa, dai-nos a graça de fazermos em tudo a vossa santa vontade.
Pedimos que apresseis o dia em que a Igreja há de proclamar a santidade de sua vida e concedei pela intercessão do vosso servo, a graça que tanto necessito (fazer o pedido).
Para a honra e glória de Nosso Senhor Jesus Cristo e pelo Triunfo do Imaculado Coração de Maria. Amém!
Ó Maria Concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós!
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