Órgão de defesa dos direitos humanos da ONU se manifesta contra homens que competem em esportes femininos

Órgão de defesa dos direitos humanos da ONU se manifesta contra homens que competem em esportes femininos

Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a violência contra mulheres e meninas nos esportes defendeu na terça-feira (8) espaços para mulheres, ao pedir esportes separados para homens que se identificam com o sexo oposto.

A relatora especial da ONU sobre violência contra mulheres e meninas exigiu, numa apresentação do relatório na terça-feira (8), que os países-membros preservem os espaços femininos, ao dizer que a supressão de testosterona para atletas masculinos “não eliminará o conjunto de vantagens de desempenho comparativo que eles já adquiriram”.

A relatora especial da ONU sobre violência contra mulheres e meninas, a jordaniana Reem Alsalem, nomeada pela Comissão de Direitos Humanos dos EUA em 2021, apresentou o relatório de 24 páginas ao terceiro comitê da assembleia geral da ONU em Nova York, EUA. O relatório citou casos de ferimentos graves em mulheres e meninas forçadas a competir contra homens que participam de divisões femininas, violações de privacidade nos vestiários e consequências públicas contra mulheres que se manifestam.

“Atletas do sexo masculino têm atributos específicos considerados vantajosos em certos esportes, como força e níveis de testosterona mais altos do que a média feminina, mesmo antes da puberdade, resultando na perda de oportunidades justas”, diz o relatório.

O relatório falou sobre “uma invasão crescente de espaços exclusivos para mulheres nos esportes”, ao dizer que as divisões exclusivas para mulheres nos esportes garantem “oportunidades iguais, justas e seguras nos esportes” para as atletas.

May Mailman, diretora do Independent Women’s Law Center, grupo que defende os direitos e espaços das mulheres, disse que a declaração foi encorajadora, embora ela tenha notado que foi feita só por um ramo da “organização difícil de manejar”.

“Estamos animados com o reconhecimento do óbvio: que as mulheres merecem esportes. Isso deveria envergonhar as muitas organizações nos EUA que falham em fazer o mesmo”, disse Mailman à CNA, agência em inglês da EWTN News. “Mas isso não torna a ONU em geral uma organização razoável. Há muitas falhas para citar, incluindo que a ONU Mulheres parece se importar pouco com os estupros, assassinatos e sequestros de mulheres israelenses.”

O gabinete da relatora especial da ONU sobre Direitos das Mulheres, desde que foi criado em 1994, aborda a violência doméstica, o tráfico, a migração, os conflitos armados, o HIV/AIDS, a violência contra as mulheres e também defende o aborto sob o pretexto de “direitos reprodutivos”. O secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin, recentemente criticou a ONU por promover o aborto e a ideologia de gênero.

Segurança física e privacidade das mulheres

O relatório disse que a segurança e a privacidade das mulheres são ameaçadas quando homens são convidados para espaços femininos, como práticas esportivas, jogos e vestiários.

As atletas mulheres são “mais vulneráveis ​​a sofrer lesões físicas graves quando espaços esportivos exclusivos para mulheres são abertos para homens, conforme documentado em disciplinas como vôlei, basquete e futebol”, diz o relatório, ao citar casos de lesões graves que vão desde dentes arrancados e pernas quebradas até fraturas no crânio e comprometimento neurológico por concussões.

Por exemplo, a declaração da IWF disse que Payton McNabb tinha 17 anos quando ficou parcialmente paralisada depois que um atleta masculino que se identifica com o sexo oposto acertou uma bola de vôlei em seu rosto.

McNabb tem danos cerebrais, paralisia no lado direito e tem dificuldade para andar sem cair.

“Se os líderes nos EUA se importam com o tratamento das mulheres como a relatora especial sobre violência contra mulheres e meninas se importa, então isso deveria dar a eles cobertura para finalmente fazer o que é certo pelas mulheres”, disse Mailman à CNA, ao referir-se ao relatório da ONU.

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O relatório da ONU falou sobre o perigo da agressão sexual ao abrir vestiários femininos para homens, ao dizer que isso poderia “aumentar o risco de assédio sexual, agressão, voyeurismo e ataques físicos e sexuais em vestiários e banheiros unissex”.

“Atletas femininas também supostamente sofrem disseminação forçada de imagens sexuais não consensuais offline e online e com exibicionismo, inclusive como resultado da falha em manter vestiários separados por sexo”, diz o relatório.

Violar espaços exclusivos para mulheres pode não só afetar negativamente “a saúde mental e o senso de segurança pessoal” das mulheres no esporte, diz o relatório, mas também pode “prejudicar sua imagem pública e ter repercussões de longo prazo na carreira”.

A perda de espaços femininos também tem consequências psicológicas para as atletas. Saber que ela tem que competir contra um homem “causa extremo sofrimento psicológico devido à desvantagem física, à perda de oportunidade de competição justa e de oportunidades educacionais e econômicas, e à violação de sua privacidade em vestiários e outros espaços íntimos”, disse o relatório.

A ONU diz que “exames de sexo” podem ser “necessários, legítimos e proporcionais para garantir justiça e segurança nos esportes”. O relatório citou a Olimpíada Paris 2024, onde boxeadoras competiram contra duas boxeadoras “cujo sexo como mulheres foi seriamente contestado, mas o Comitê Olímpico Internacional se recusou a realizar um exame de sexo”.

Liberdade de expressão

A inclusão de homens nos esportes femininos resultou na perseguição de mulheres que se defendem, diz o relatório da ONU.

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Mulheres que se manifestam contra os perigos dos homens em espaços femininos são frequentemente tratadas injustamente, “acusadas de intolerância, suspensas de times esportivos e sujeitas a ordens de restrição, expulsão, difamação e processos disciplinares injustos”, diz o relatório.

“Atletas e treinadoras que se opõem à inclusão de homens em seus espaços devido a preocupações com segurança, privacidade e justiça são silenciadas ou forçadas a se autocensurar; caso contrário, correm o risco de perder oportunidades esportivas, bolsas de estudo e patrocínios”, diz o relatório.

Mailman disse que muitos líderes deixaram que xingamentos “superassem seu dever de promover justiça, segurança e igualdade”.

“Os líderes dos EUA demonstraram tremenda covardia ao defender as mulheres porque não querem ser chamados de antitrans”, diz Mailman.

“Quanto mais pessoas mostrarem como fazer a coisa certa, mais os seguidores poderão finalmente fazer o mesmo”, continuou ela.

O relatório da ONU diz que pessoas que se identificam com o sexo oposto ainda devem poder participar de esportes, observando que, por meio de categorias abertas, “a justiça nos esportes pode ser mantida, garantindo ao mesmo tempo a capacidade de todos participarem”.

Proteger os espaços das mulheres “não resulta automaticamente na exclusão de pessoas transgênero dos esportes”, diz o relatório.

Mailman diz que “a solução não é dissolver os esportes femininos, mas criar uma categoria aberta ou tornar a categoria masculina uma categoria aberta”.

“O relatório da ONU abordou a segurança e a justiça, incluindo o fato de que a supressão de testosterona não iguala o campo de jogo e é arbitrária em qualquer caso. Ele falou sobre a privacidade no vestiário. Ele falou sobre o assédio que as mulheres enfrentam por se defenderem”, disse Mailman à CNA. “Tudo isso é importante. A única coisa lamentável é que isso vem de um órgão especializado e ainda não se espalhou para níveis mais altos.”

FONTE: ACI Digital

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