Opus Dei responde a acusações de exploração trabalhista no México

Opus Dei responde a acusações de exploração trabalhista no México

A Opus Dei no México negou acusações de exploração, redução à servidão e tráfico de pessoas feitas por três mulheres que denunciaram a organização em reportagem de um meio de comunicação local.

“A Opus Dei nega categoricamente as acusações de tráfico de pessoas e exploração laboral feitas nessa denúncia”, diz um comunicado do Escritório de Comunicação da Opus Dei no México. “Ao mesmo tempo, a Assessoria de Comunicação da Opus Dei no México reafirma seu compromisso de cooperar plenamente com o sistema de justiça para esclarecer os fatos e resolver a situação de forma justa e transparente”.

Opus Dei foi fundada em 2 de outubro de 1928 por são Josemaria Escrivá de Balaguer para promover a santificação na vida cotidiana e no trabalho cotidiano.

A Obra, como é chamada por seus integrantes, foi transformada em prelazia pessoal pelo papa são João Paulo II. O papa Francisco tirou do prelado da Opus Dei o status de bispos que havia sido dado por são João Paulo II. Assim, a Obra tem hoje jurisdição própria, mas tem que operar em coordenação com as dioceses locais.

A organização tem cerca de 93 mil membros no mundo todo, dos quais 57% são mulheres, segundo dados da Opus Dei.

No México, a prelazia está desde 1949.

O artigo, publicado pelo site de notícias Animal Político em 28 de janeiro, tem os depoimentos de três mulheres que eram numerárias auxiliares e que, entre 1993 e 2007, teriam sido “recrutadas” pela Opus Dei com a promessa de educação e oportunidades de trabalho. Uma numerária auxiliar da Opus Dei é uma mulher celibatária que se dedica profissionalmente ao trabalho doméstico e à manutenção dos centros da organização, considerando esse trabalho sua vocação e um meio de santificação.

“Quando eu já tinha muitos anos, fiquei deprimida. Fui piorando cada vez mais e cheguei ao ponto em que não queria mais viver”, disse uma das mulheres. “Porque mesmo vivendo com muitas pessoas, eu me sentia muito sozinha e não me sentia cuidada nem amada pela Obra”.

As mulheres dizem que trabalhavam sem remuneração em tarefas domésticas nas residências da organização, além de receberem castigos físicos e ficarem isoladas de suas famílias.

A Opus Dei no México se defende

No mesmo dia da publicação da reportagem, a Assessoria de Comunicação da Opus Dei no México divulgou um comunicado em que lamenta as experiências negativas das denunciantes e diz que a prioridade da instituição é “ouvir e estabelecer um canal de diálogo para entender cada experiência individualmente”.

A Opus Dei diz que isso não implica aceitar as acusações e fez vários esclarecimentos sobre a nota publicada, considerando que ela “apresenta uma injusta descontextualização da vida, obra e formação recebidas por algumas das mulheres da Opus Dei e da vocação livremente escolhida pelas auxiliares numerárias”.

Segundo dados da Opus Dei, cerca de 4 mil mulheres no mundo escolheram ser numerárias auxiliares “como parte de sua realização pessoal”.

“A experiência desse modo de vida é tão diversa quanto as pessoas que livre e conscientemente decidiram vivê-lo e testemunhá-lo”, diz o comunicado.

Relatos de exploração laboral no México

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Um dos principais pontos da reportagem do Animal Político é que, em pouquíssimas ocasiões, as denunciantes receberam pagamento pelo seu trabalho. Uma delas disse que, depois de passar por problemas de saúde, foi aconselhada a deixar a Obra.

“Nunca vi cheques ou envelopes com dinheiro, nem sabia quanto ganhava, embora nos dissessem que as pessoas que atendíamos pagavam por todos os serviços”, disse uma das reclamantes.

Sobre isso, a Opus Dei diz que “o trabalho das assistentes numerárias, como o de qualquer outra pessoa, foi remunerado segundo suas necessidades e referências de mercado”.

A Obra diz também que elas têm seguro médico com cobertura ampla.

Em resposta à acusação de que menores foram recrutadas como numerárias auxiliares, a organização disse que, desde 1982, os estatutos aprovados pela Santa Sé estabelecem que a idade mínima para ingressar na prelazia é de 18 anos.

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Outro caso internacional: as acusações na Argentina

A reportagem também cita o caso da Argentina, em que 44 mulheres de diferentes países da América do Sul acusaram a Opus Dei de coisas semelhantes, o que levou a Corte Suprema de Justiça da Nação Argentina a indiciar três padres numa investigação em andamento.

Sobre isso, a Opus Dei diz que o artigo apresenta erroneamente a existência de uma investigação como prova de que os fatos ocorreram, ignorando “os princípios básicos de qualquer processo judicial”.

A reportagem diz que a Opus Dei tem “escolas de hotelaria”. No entanto, o comunicado diz que “as escolas de hotelaria mencionadas fecharam ou evoluíram conforme as circunstâncias educacionais do país”.

“Atualmente, Jaltepec permanece aberta só para mulheres maiores de idade”, disse a Obra.

O comunicado diz também que a categorização de outras escolas, como Montefalco, Yaocalli, Paseo e Palmares, como instituições de formação em hospitalidade e hotelaria é incorreta, pois na realidade são escolas com validade oficial para o ensino fundamental, médio e superior.

Segundo o comunicado, todas essas instituições contam com “o Reconhecimento de Validade Oficial de Estudos (RVOE), concedido pelo Ministério da Educação Pública, que aprovou cada um dos programas educacionais”.

Situação jurídica atual no México

Por fim, o artigo do Animal Político cita acusações públicas contra a Opus Dei no México. No entanto, a instituição diz que não tinha “conhecimento de nenhuma ação judicial de natureza trabalhista ou criminal” no país.

“Estamos atualmente num processo de estudo e escuta para analisar como podemos continuar a melhorar o acompanhamento das pessoas, incluindo as que deixaram a Obra, por meio de uma compreensão mais profunda das circunstâncias pessoais e únicas de cada caso”, concluiu o comunicado.

FONTE: ACI Digital

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Ivaldo Lima

Graduado em Sistema para Internet e Comunicação Social, Radialista com especialização em Marketing Digital!
Graduando em Teologia Católica.
Pós-Graduação em Doutrina Social da Igreja e Ordem Social!