Na madrugada desta terça-feira (28), o terreiro de umbanda Casa de Caridade Caboclo Pena Dourada, localizado no bairro do Maracanã, zona norte do Rio de Janeiro, foi alvo de um ato de vandalismo e intolerância religiosa. Durante a ação, os invasores destruíram imagens e outros itens de culto, além de espalharem materiais de outras crenças pelo local, configurando um claro ataque e desrespeito à religião afro-brasileira. Entre os objetos encontrados, uma bíblia foi deixada na entrada, indicando um ato de intimidação.
Em um relato emocionado nas redes sociais, Fernanda Franco, dirigente do terreiro, contou que um dos membros da comunidade, que reside nas proximidades, foi o primeiro a perceber a invasão e a destruição. “Essa noite fomos invadidos. Arrombaram os portões, destruíram tudo. Jogaram os atabaques no chão, quebraram as imagens. Roubaram os ventiladores, as geladeiras e até as torneiras. A casa ficou alagada, nada restou”, disse Fernanda, visivelmente abalada.
Ela também descreveu a tristeza ao tentar finalizar o vídeo, sem conseguir esconder a dor pela perda. “Não sei como vamos reconstruir tudo. Levaram as coisas dos orixás e dos filhos de santo. A casa ficou vazia, destruída”, lamentou.
Os criminosos levaram diversos eletrodomésticos, incluindo dez ventiladores de parede, dois de mesa, um de torre, além de aparelhos de ar-condicionado, geladeiras, freezer, micro-ondas, fogão industrial, máquina de lavar, televisão e até um computador. O prejuízo material foi significativo, afetando o funcionamento do terreiro e o atendimento espiritual à comunidade.
Diante da situação, a Casa de Caridade Caboclo Pena Dourada lançou uma campanha de arrecadação online para angariar fundos, com o objetivo de repor os bens roubados e reparar os danos causados ao espaço. O valor estimado para a recuperação é de R$ 20.000.
Em nota, a Gerência para Povos e Comunidades Tradicionais da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima do Rio de Janeiro se solidarizou com a comunidade e classificou o ataque como um ato de “racismo religioso”. A prefeitura também garantiu apoio à reconstrução, oferecendo recursos e suporte jurídico, além de incluir o terreiro no Programa Casas Ancestrais, destinado a amparar espaços de culto e comunidades tradicionais.
O episódio destaca mais um caso de violência contra as religiões de matriz africana no Rio de Janeiro, que, segundo a Gerência, são responsáveis por uma parte significativa da população, mas enfrentam ataques constantes devido ao preconceito religioso. A comunidade, unida pela dor da perda, segue em busca de apoio e justiça.
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