19 de abr de 2024 às 15:29
A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) denunciou hoje (19), o sequestro e assassinato de um catequista em Burkina Faso, na África.
O catequista Edouard Yougbare foi sequestrado na noite de ontem (18) por “terroristas e seu corpo sem vida foi encontrado perto de Zigni esta manhã”, diz uma nota da ACN enviada à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.
Segundo outras fontes locais, mais pessoas foram sequestradas e mortas com o catequista Edouard Yougbare, membro da paróquia de Saatenga, em Fada Gourma, Burkina Faso.
“Estamos com o coração partido pela perda de Yougbare. Ele serviu fielmente a sua comunidade e a sua morte é um golpe devastador para o povo de Saatenga”, lamentou María Lozano, diretora de imprensa e relações públicas da ACN Internacional.
“Os catequistas de Burkina Faso estão na linha de frente, arriscando a vida pelo bem do seu povo. Há apenas dois meses, outro catequista foi assassinado na diocese de Dori enquanto dirigia uma celebração dominical numa capela”, disse ela.
A ACN incentiva todos os fiéis a rezarem pelas famílias das vítimas e pela população de Saatenga, que está muito afetada por estes acontecimentos.
O bispo de Dori, dom Laurent Dabiré, presidente da Conferência Episcopal de Burkina Faso e Níger, esteve no Brasil para falar sobre perseguição religiosa. Ele participou da 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que aconteceu da quarta-feira (10) até hoje (19).
Em entrevista exclusiva à ACI Digital, feita na sede da fundação ACN em São Paulo (SP) na terça-feira (16), dom Dabiré disse que “o problema número um do país é a luta contra o terrorismo”.
“Apesar da intervenção do terrorismo, a fé continua”, concluiu dom Dabiré.
Dom Dabiré começou a palestra explicando que 24% da população de Burkina Faso é cristã, 60% é muçulmana e 16% seguem religiões tradicionais africanas. Na diocese de Dori, os cristãos são 1,6% da população.
Segundo o bispo, os terroristas controlavam 60% do território de Burkina Faso até o fim do ano passado, quando forças do governo começaram a retomar regiões do país. Hoje, os terroristas controlam 40% de Burkina Faso.
A grave situação de segurança em Burkina Faso
A situação de segurança em Burkina Faso tornou-se drástica nos últimos anos, com os cristãos sendo particularmente alvo de grupos terroristas inspirados no extremismo islâmico”, diz a nota da ACN.
Na cidade de Essakane, na diocese de Dori, 15 cristãos foram mortos e outros dois foram feridos por terroristas durante o encontro de oração de domingo, 25 de fevereiro.
Em janeiro de 2023, a diocese de Dédougou informou que o padre Yaro Zerbo, 67 anos, foi morto por homens armados não identificados no noroeste do país.
Em maio de 2019, o padre salesiano espanhol Fernando Hernández, 60 anos, foi assassinado na obra salesiana de Bobo Dioulasso por um ex-cozinheiro deste centro.
A violência no país faz parte de um conflito mais amplo que envolve vários países da região africana do Sahel, como Mali, Chade, Níger e Nigéria, onde os cristãos também sofrem perseguições.
A ACN continua empenhada em ajudar a Igreja em Burkina Faso. Em 2023, colaborou com 56 projetos no país, num investimento superior a um milhão de euros.
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