21 de mai de 2024 às 10:30
São Josemaria Escrivá de Balaguer não se chamava assim. O segundo filho de José Escrivá Corzán e María de los Dolores Albás Blanc recebeu quatro nomes de batismo: José Maria Julián Mariano.
José, como o pai e o avô; Maria, por devoção à Mãe de Deus; Julián, por ser a festa do santo do dia em que foi batizado; e Mariano, por causa do padrinho, segundo pesquisa de José Luis González Gullón, publicada em Studia et Documenta, revista do Instituto Histórico San Josemaria Escrivá.
“Desde criança ele era chamado em casa pelos dois primeiros nomes, José Maria, um nome muito comum na Espanha”, disse González, que detalha que o próprio Escrivá assinava as cartas pessoais que escrevia para seus amigos de diferentes maneiras e, a partir de 1928, “para os seus filhos espirituais”: “JM, JoseMar, JoseMari, Josemaria”.
Mas, ele sempre assinava com os seus dois primeiros nomes separados “os manuscritos e textos datilografados que enviava a instituições públicas e privadas e a pessoas com quem mantinha relações profissionais e administrativas”. Depois da Guerra Civil Espanhola (1936 e 1939), o santo fundador da Opus Dei “usou cada vez mais Josemaria” em seus escritos epistolares.
Em seus escritos oficiais ou em suas publicações, assinava como José Maria. Assim consta, por exemplo, da primeira edição do Caminho, de 1939, ou em A Abadessa de las Huelgas (1944). A partir da década de 1960, o uso de Josemaria generalizou-se, também em publicações.
“No entanto, ele não fez modificação no registro civil. Pelo contrário, o nome de Josemaria foi estabelecido pelos meios consuetudinários”, ou seja, pelo costume, acrescenta o estudo.
Quando o fundador da Opus Dei assinava cartas como Mariano
Durante a Guerra Civil, devido à perseguição religiosa em que um terço dos padres e religiosos foi morto, o santo foi escondido por membros da Opus Dei em casas particulares, num sanatório psiquiátrico e numa legação diplomática.
Naqueles meses escreveu cartas à mãe e aos irmãos, bem como aos membros da Obra, que foram assinadas com seu quarto nome, Mariano. Chegou a usar um sobrenome inventado, Zúñiga, que aparece numa carta datada de 30 de julho de 1936, apenas duas semanas depois do início da guerra.
“Ao chegar à zona rebelde, em dezembro de 1937, o fundador se viu diante de um cenário diferente. A Igreja Católica estava reconhecida pelo Estado e havia liberdade de culto católico. Por isso, utilizou o seu nome autêntico na documentação oficial e na correspondência”, acrescenta o estudo, embora tenha mantido o nome de Mariano na correspondência familiar e pastoral.
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O uso de Mariano continuou para escritos e cartas enviadas às pessoas mais próximas até o fim da vida e até para assinar meditações publicadas em revistas como Crónicas y Noticias. O nome de Mariano também foi utilizado em alguns escritos internos da Opus Dei.
De Escrivá Albás a Escrivá de Balaguer
O fundador da Opus Dei teve desde muito jovem uma certa “luta” em relação ao sobrenome. Segundo o estudo, o beato Álvaro del Portillo, primeiro sucessor de são Josemaría, recordou que o próprio Escrivá dizia que “ficava com vergonha quando criança ao ouvir falar dos escribas e fariseus” porque muitos escreviam seu sobrenome com b e não com v, já que a pronúncia na Espanha é geralmente a mesma.
O jovem José María Escrivá “achava esta confusão irritante, sobretudo pelas conotações negativas que tem a memória dos escribas do Evangelho”, a tal ponto que por volta de 1928 começou a escrever o seu apelido com V maiúsculo seguindo uma recomendação de seu pai, segundo nota do próprio santo em 1935: “Foi meu pai (que está no Céu) quem me mandou não tolerar o b no sobrenome”.
Escrivá, em todo o caso, continuou criando certas confusões, especialmente durante a sua estadia em Madri na década de 1930, antes da eclosão da Guerra Civil. Quando fundou a Academia DYA, primeira atividade de apostolado corporativo da Opus Dei, o advogado Francisco Escrivá de Romaní vivia no mesmo edifício, o que causou numerosos erros e transtornos no correio.
Depois da guerra, em 1940, os três irmãos, Carmen José Maria e Santiago Escrivá Albás, apresentaram um pedido judicial para alterar o seu sobrenome de acordo com a lei para que fosse “Escrivá de Balaguer”, em referência à cidade de Lérida de onde a família Escrivá é originária.
A partir de então, o fundador assinou o seu nome alternadamente como “José María Escrivá de Balaguer y Albás” ou “José Mª Escrivá de Balaguer y Albás”. Segundo o estudo, “no caso das cartas oficiais que assinava à mão, costumava rubricá-las com ‘Josemescrivá de B.’”, mesmo em textos latinos, como as atas de dedicação dos altares de Villa Tevere, sede da Opus Dei em Roma: “Iosephmescrivá de B.”.
Esta modificação também se refletiu na edição dos livros a partir de 1965, quando foi publicada a 23ª edição do Caminho.
O fundador da Opus Dei também era conhecido, pelo menos casualmente, como Julián Blanc. Assim constava no prontuário que acompanhava seu estado de saúde na Clínica da Universidade de Navarra entre 1966 e 1975, quando morreu.
A causa de canonização do fundador da Opus Dei começou em 1981. Quando foi declarado beato, a Igreja usou o nome de “beato Josemaría” e, depois da sua canonização em 2002, é reconhecido como “são Josemaría”, e é assim como aparece nos textos litúrgicos da sua festa, que é celebrada no dia 26 de junho.
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