7 de fev de 2025 às 15:08
O prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos da Santa Sé, cardeal Kurt Koch rejeitou as posições radicais de progressistas e tradicionalistas sobre o concílio Vaticano II em seu discurso de aceitação do título de doutor honoris causa concedido pela Universidade Católica de Valência, Espanha.
Para o cardeal, “o concílio não gerou uma nova Igreja em ruptura com a tradição, nem concebeu uma fé diferente, mas sim visou uma renovação da fé e uma Igreja renovada a partir do espírito da mensagem cristã que foi revelada de uma vez por todas e transmitida na tradição viva da Igreja”.
O cardeal Koch falou sobre a tensão entre dois eixos do Concílio Vaticano II: fidelidade às fontes e fidelidade aos sinais dos tempos.
Para o cardeal, “a relação entre essas duas dimensões sempre caracterizou a Igreja, mas a tensão ficou mais aguda de uma nova maneira depois do Vaticano II”.
Diante dessa dicotomia, o cardeal Koch disse que “além do conformismo secularista e do fundamentalismo separatista, é necessário buscar um terceiro caminho na fé católica, que já nos foi mostrado pelo concílio”.
Segundo o prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, tanto os chamados progressistas quanto os tradicionalistas “concebem o Vaticano II como uma ruptura, embora de maneiras opostas”.
O cardeal disse que “as duas posições radicais são muito próximas, precisamente porque não interpretam o Vaticano II dentro da tradição geral da Igreja”.
Em seu discurso, o cardeal Koch disse que o papa Bento XVI disse que “a autoridade magisterial da Igreja não pode ser congelada em 1962”.
Por outro lado, “se a ênfase só for colocada no aggiornamento [atualização], há o perigo de que a abertura da Igreja ao mundo, desejada e alcançada pelo concílio, se torne uma adaptação precipitada dos fundamentos da fé ao espírito dos tempos modernos”, disse o cardeal.
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“Muitas correntes no período pós-conciliar estavam tão orientadas para o mundo que não perceberam os tentáculos do espírito moderno ou subestimaram seu impacto, de modo que a chamada conversão ao mundo não fez com que o fermento do Evangelho permeasse mais a sociedade moderna, mas levou a um amplo conformismo da Igreja com o mundo”, disse também Koch.
A proposta do cardeal Koch diante de ambas as posições, que ele considera igualmente disruptivas, é “a restauração de um equilíbrio saudável na relação entre a fé e a Igreja, por um lado, e o mundo, por outro”.
Na opinião do cardeal, se a Igreja não pode ser confundida com o mundo, “a identidade original da fé e da Igreja não deve ser definida de tal modo que se separe do mundo de modo fundamentalista”.
Sobre isso, Koch disse que o diálogo entre a Igreja e o mundo contemporâneo “não deve fazer com que a fé e a Igreja se adaptem ao mundo de modo secularista, renunciando perigosamente à sua identidade”.
Reforma da Igreja
Para o prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, a reforma da Igreja não pode implicar “uma mudança de essência”, mas consiste na “eliminação do que é inautêntico” através de um processo de purificação da Igreja “a partir das suas origens”, para que “possa voltar a ser visível a forma da única Igreja querida por Cristo”.
“Para o concílio, a fidelidade às origens e a conformidade com os tempos não eram opostas”, disse Koch. “Em vez disso, o concílio quis proclamar a fé católica de modo que fosse fiel às suas origens e apropriada aos tempos, a fim de poder transmitir a verdade e a beleza da fé aos homens de hoje, para que possam compreendê-la e acolhê-la como uma ajuda para suas vidas”.
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