Política PB

5 de mar de 2025 às 13:17

O bispo de Hong Kong, China, dom Stephen cardeal Chow, chorou durante as orações pelo papa Francisco que ele e o bispo de Xangai, dom Joseph Shen Bin, conduziram na basílica de Nossa Senhora de Sheshan, um dos locais de peregrinação mais importantes da China.

A diocese de Hong Kong disse na terça-feira (3) que, na missa no santuário mariano, os dois bispos rezaram juntos a oração a Nossa Senhora de Sheshan pela saúde do papa, de 88 anos, que está internado em Roma desde 14 de fevereiro por  problemas pulmonares.

“Fiquei genuinamente tocado e comecei a chorar na oração”, disse o cardeal Chow ao Sunday Examiner, jornal oficial da diocese de Hong Kong. “Este local tem imensa importância para a Igreja na China, e foi significativo rezar ao lado do bispo Shen pelo Santo Padre aqui”.

A missa ocorreu em 25 de fevereiro como parte da visita de cinco dias de dom Chow a Xangai com uma delegação de Hong Kong. Houve paradas na catedral de Santo Inácio em Xujiahui, no Seminário Sheshan e em vários locais de peregrinação e religiosos.

Controvérsia sobre o bispo

A nomeação do bispo Shen Bin, que celebrou a missa com o cardeal Chow, violou o acordo Santa Sé-China. Sua transferência para Xangai em abril de 2023 pelo governo chinês foi feita sem aprovação prévia da Santa Sé . 

O papa Francisco confirmou a nomeação de dom Shen Bin meses depois.

Desde 2022, dom Shen Bin é o presidente de um grupo chamado Conselho dos Bispos Chineses, uma conferência de bispos aprovada pelo Estado e não reconhecida pela Santa Sé. Antes ele era vice-presidente da Associação Patriótica Católica Chinesa, estabelecida pelo Partido Comunista Chinês e sob o controle do Departamento de Trabalho da Frente Unida.

Espera-se que o bispo de Xangai participe das reuniões anuais “Duas Sessões” da China, um importante encontro político em Pequim, de 4 a 11 de março.

Apesar dessas tensões, o cardeal Chow disse que a diocese de Xangai tenta manter um equilíbrio delicado entre a Igreja e a sociedade civil e sublinhou sua visão de que “a Igreja é chamada a ser uma ponte de diálogo e comunhão”.

Sonho do papa Francisco

A basílica de Nossa Senhora de Sheshan tem um significado profundo para os católicos chineses. O papa Bento XVI designou o dia 24 de maio, a festa de Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos, como o Dia Mundial de Oração anual da pela Igreja na China. Milhares de católicos chineses tradicionalmente fazem a peregrinação anual subindo a colina de Sheshan até o santuário mariano no dia da festa.

O papa Francisco expressou uma devoção pessoal a Nossa Senhora de Sheshan, mantendo uma estátua da figura mariana em sua residência no Vaticano. A estátua foi presenteada a ele na Capela Sistina imediatamente depois de sua eleição em 2013 pelo então bispo de Hong Kong, dom John cardeal Tong, segundo o jornal italiano La Stampa.

Numa entrevista no ano passado, o papa Francisco reiterou seu sonho de visitar a China e rezar no santuário de Sheshan, local originalmente estabelecido por missionários jesuítas no século XIX.

 

A visita de dom Chow a Xangai se segue às viagens do cardeal a Guangzhou e Pequim nos últimos anos, como parte do projeto papa Francisco de construir um diálogo com a Igreja fiel ao governo comunista chinês. 

Em sua visita a Xangai, o cardeal Chow e sua delegação visitaram a Igreja de Tangzhen, designada como um local de peregrinação para o Ano Jubilar 2025, uma mesquita, um templo budista e um templo taoísta.

O grupo também visitou centros de desenvolvimento econômico e tecnológico, como o Corredor de Ciência e Tecnologia G60 do Delta do Rio Yangtze, destacando a rápida modernização de Xangai.

“Sinto que a diocese de Xangai apreciou nossa visita e espero uma visita recíproca à diocese de Hong Kong no futuro”, disse o cardeal Chow.