Na madrugada desta sexta-feira (27), a Câmara dos Deputados enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um ofício detalhado sobre as emendas de comissão, buscando resolver um impasse que resultou no bloqueio de R$ 4,2 bilhões de recursos orçamentários. A medida é uma resposta à decisão do ministro Flávio Dino, que suspendeu os repasses devido à falta de transparência na destinação desses valores.
O bloqueio foi motivado por uma denúncia do PSOL, que identificou falhas no registro de mais de 5 mil indicações de emendas parlamentares. A nova suspensão, anunciada no dia 23 de dezembro, também levantou suspeitas sobre o favorecimento político, especialmente em relação a recursos direcionados ao estado de Alagoas, reduto eleitoral do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Em defesa da transparência dos processos, Lira afirmou que todos os procedimentos adotados pela Câmara estão em conformidade com as normas estabelecidas. “Todos os atos foram feitos em acordo com o Executivo e o Legislativo e obedecendo aos trâmites do Poder Judiciário”, declarou.
O documento enviado ao STF refuta as acusações de falta de transparência, garantindo que as deliberações sobre as emendas são públicas e amplamente documentadas.
“Não procedem os argumentos de que a deliberação das emendas de comissão é oculta ou fantasiosa, já que está detalhadamente documentada nos autos, com publicação ampla na internet”, afirma o texto.
A Câmara também justifica que a suspensão das comissões entre 12 e 20 de dezembro foi uma estratégia para priorizar votações urgentes no Plenário. Segundo o ofício, a continuidade do bloqueio poderia comprometer serviços essenciais, como na área da saúde.
Além disso, a Casa argumenta que as emendas seguem pareceres de seis consultorias jurídicas do Poder Executivo, o que reforça a interpretação de que as ações não desrespeitaram as determinações do STF.
O conflito envolvendo as emendas parlamentares começou a ganhar força em 2023, quando o STF passou a exigir maior transparência na utilização desses recursos. As emendas de comissão, uma modalidade em que as comissões da Câmara indicam a destinação de verbas do orçamento, têm sido um ponto central de controvérsias. O ministro Flávio Dino, desde agosto, tem restringido os pagamentos das emendas, exigindo maior detalhamento sobre as indicações.
Na quinta-feira (26), Arthur Lira se reuniu com o presidente Lula (PT) e líderes partidários para buscar uma solução que permita a liberação dos recursos bloqueados. O presidente da Câmara afirmou que a suspensão das emendas prejudica acordos previamente estabelecidos entre o Executivo, Legislativo e Judiciário.
O bloqueio de R$ 4,2 bilhões é apenas uma parte de um embate maior sobre a transparência e a autonomia parlamentar. As emendas parlamentares são essenciais para os deputados atenderem às demandas de suas bases eleitorais.
PB Agora
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