Política PB

6 de fev de 2025 às 16:35

“Os bispos brasileiros presentes na Conferência de Aparecida [2007] referiam-se com frequência às questões ambientais, sociais e humanas (indígenas) da Amazônia”, disse o arcebispo de São Paulo (SP), dom Odilo cardeal Scherer no livro de entrevistas Cardeal Odilo Pedro Scherer, Um Padre a Vida Toda (Angelus Editora, 226 páginas, R$ 69,90), lançado ontem (5) em São Paulo.

 

Isso teria impressionado o então arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, futuro papa Francisco. “Mas, pouco a pouco, ele foi entendendo o motivo e a importância dessas preocupações, que não devem ser alheias à ação evangelizadora da Igreja”, diz dom Odilo sobre a repercussão da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe. Para o arcebispo, que foi secretário-geral adjunto da Conferência de Aparecida, Aparecida influenciou o papa Francisco a escrever a encíclica  Laudato si’  em 2015 e a exortação apostólica  Querida Amazônia em 2020.

O livro de dom Odilo foi escrito a partir de entrevistas com o cardeal feitas por Silvonei José Protz, jornalista da Rádio Vaticano, e por Fernando Geronazzo, assessor de imprensa da arquidiocese de São Paulo.

 

A obra abrange desde a ordenação de dom Odilo ao sacerdócio em 1976 até os dias atuais, passando pelo período em que foi bispo auxiliar de São Paulo de 2001 a 2007; secretário-geral da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) de 2003 a 2007; secretário-geral adjunto da Conferência de Aparecida em maio de 2007; arcebispo de São Paulo desde 2007, quando foi criado cardeal pelo papa Bento XVI, e sua participação como cardeal-eleitor no conclave de 2013, em que o papa Francisco foi eleito.

 

Depois de 18 anos à frente da maior diocese do Brasil, dom Odilo convive com um índice de 6% dos católicos indo à missa aos domingos. O dado foi apurado no sínodo arquidiocesano convocado pelo próprio dom Odilo entre 2017 e 2023.

A ACI Digital perguntou a dom Odilo que futuro vê para a Igreja na cidade.

“Bem, nós estamos anunciando o Evangelho, buscando encarar os desafios que se apresentam”, respondeu o arcebispo. “Nós semeamos. Buscamos semear da melhor forma possível. Portanto, com a graça de Deus, creio que teremos um bom futuro”.

 “Que nós consigamos fazer o que humanamente está ao nosso alcance”, disse o cardeal. “Peço a Deus que faça, portanto. Mesmo aos católicos que não praticam regularmente a fé, ou não frequentam a missa regularmente, existe a possibilidade, sim, de acompanharem a vida da Igreja, de estarem envolvidos mais e mais através de um processo de conversão e envolvimento com a vida da Igreja e aplicação pessoal do Evangelho em contínua conversão”.