17 de abr de 2024 às 14:49
A arquidiocese de Milão, Itália, anunciou na segunda-feira (15), que começará a coletar testemunhos para abrir a causa de canonização do servo de Deus Luigi Giussani, fundador do movimento leigo católico Comunhão e Libertação.
Na quinta-feira, 9 de maio, às 17h (hora local), na Basílica de Santo Ambrósio, o arcebispo de Milão, dom Mario Delpini, conduzirá a primeira sessão pública da fase testemunhal para a abertura da causa, visto que a fase documental está em fase avançada.
Monsenhor Ennio Apeciti, responsável pelo Departamento das Causas dos Santos da arquidiocese de Milão, disse esta semana que esta fase testemunhal tem um aspecto “um pouco mais processual”.
“A comissão (ou tribunal) nomeada pelo arcebispo entrevistará numerosas pessoas que, com o seu profundo conhecimento do servo de Deus, proporcionarão uma visão completa da sua vida, pensamento, espiritualidade e reputação de santidade, além de expressarem a sua opinião sobre a conveniência da beatificação e da canonização. O objetivo desta segunda fase é, por um lado, comparar a informação recolhida na Fase Documental e, por outro lado, ouvir a voz do Povo de Deus”, disse.
Concluída a fase testemunhal, tudo o que for recolhido será enviado ao Dicastério para as Causas dos Santos da Santa Sé, onde será verificado o trabalho feito na arquidiocese de Milão e serão seguidas as demais fases previstas no regulamento até chegar à eventual decisão do papa de declarar venerável o servo de Deus.
Segundo dom Apeciti, “o Santo Padre é o único juiz que, no final, mesmo em consulta com outros, determinará se existem elementos, através do que recolhemos, para prosseguir com a causa”.
“O exame atento de um milagre concedido por Deus por intercessão do servo de Deus, permitirá ao pontífice declarar beato dom Luigi Giussani e outro milagre, depois da beatificação, proclamá-lo santo para a Igreja”, acrescentou.
O presidente de Comunhão e Libertação, Davide Prosperi, recebeu a notícia de que a causa de dom Giussani avança “com grande alegria” num comunicado publicado na segunda-feira (15).
“Estamos também muito gratos ao Papa Francisco, pela atenção e estima que repetidamente manifestou, inclusive publicamente, pela figura de dom Giussani e pelo caminho que o movimento vem fazendo neste período”, acrescentou.
Prosperi disse que os membros de Comunhão e Libertação continuarão a pedir a intercessão de Giussani na oração, “depositando nas mãos da Igreja o desejo irreprimível que trazemos no coração de ver em breve dom Giussani contado entre os beatos e os santos do Senhor”.
Sobre dom Luigi Giussani
Dom Luigi Giussani nasceu em 1922 em Desio, cidade próxima de Milão. Desde cedo, a sua mãe, Ângela, apresentou-o à fé, enquanto o seu pai, Beniamino, entalhador e restaurador de madeira, desafiava-o constantemente a questionar o porquê das coisas.
Entrou ainda jovem no seminário diocesano de Milão e completou os estudos na Faculdade de Teologia de Venegono. Lá ele cultivou amizades significativas e descobriu o valor de uma vocação no mundo. Formou-se em um ambiente de intenso estudo e profundas descobertas. Foi ordenado sacerdote em 1945.
Convencido de que a verdade se manifesta na beleza, Giussani adotou este princípio como parte do seu método educativo. A sua vivacidade e acuidade foram destacadas durante a sua passagem como sacerdote e professor no seminário de Venegono, onde lecionou depois da ordenação.
Na década de 1950, dom Giussani deixou o ensino do seminário para trabalhar no ensino médio. Durante dez anos lecionou no Liceo Clássico “G. Berchet” de Milão, enquanto desenvolvia pesquisas sobre o problema educacional e publicava suas descobertas.
Os anos de GS (Gioventù Studentesca) marcaram uma mudança significativa em sua vida. Desde então, até 1990, ocupou a cátedra de Introdução à Teologia na Universidade Católica do Sacro Cuore, em Milão. Durante este tempo, o movimento “Comunhão e Libertação” (CL) surgiu sob a sua liderança, promovendo a ideia de que a comunhão cristã é a base da verdadeira libertação humana.
Giussani entregou-se totalmente à liderança do movimento de Comunhão e Libertação, cujo alcance se espalhou por mais de 70 países. Seu compromisso se manifestou em uma ampla gama de obras culturais e de caridade em todo o mundo. Entre estas iniciativas estavam o Banco Alimentar, que fornece alimentos e abrigo a meio milhão de pessoas necessitadas na Itália, e o Banco Farmacêutico, que presta assistência médica vital. Estas ações de solidariedade refletiram o seu profundo compromisso com o bem-estar dos mais vulneráveis.
Ele morreu em 22 de fevereiro de 2005, aos 82 anos, deixando um legado de amor à Igreja e um movimento que promove a educação cristã até hoje. Sua morte foi resultado de complicações de saúde decorrentes de pneumonia grave.
O processo de investigação diocesana sobre sua vida foi aberto pela primeira vez em 2012.
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