5 de jul de 2024 às 10:09
O arcebispo venezuelano Edgar Peña Parra, substituto da Secretaria de Estado da Santa Sé, testemunha em nome da Santa Sé entre ontem (4) e hoje (5) em um julgamento civil em Londres relacionado ao prédio cuja compra irregular levou à condenação do cardeal Angelo Becciu, prefeito emérito do dicastério para a Causa dos Santos.
Trata-se da compra e venda de um imóvel na Sloane Avenue, em Londres, pelo qual dez réus foram condenados em primeira instância por crimes de suborno e peculato, entre outros.
Depois de 86 audiências judiciais que tiveram início em julho de 2021, o Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano condenou o cardeal Angelo Becciu em primeira instância a cinco anos e seis meses de prisão em dezembro do ano passado.
O caso está novamente nas mãos da Suprema Corte do Reino Unido, depois do financista Raffaele Mincione, um dos dez réus, entrar com uma ação civil em 2020 para provar “sua boa-fé” nas operações.
Respostas sobre notas fiscais “falsas” para controle total do imóvel
Segundo o serviço oficial de informações da Santa Sé Vatican News, dom Peña Parra respondeu especialmente sobre sua relação com o corretor Gianluigi Torzi e não tanto sobre as transações feitas com o demandante Mincione.
O arcebispo teve de explicar por qual razão a Santa Sé entregou, em nome das empresas Sunset Enterprise e Lighthouse, faturas de 5 e 10 milhões de libras (cerca de R$ 35 e 70 milhões) a Torzi, também condenado em primeira instância, para ceder o controle total do edifício londrino à Santa Sé.
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“Até o fim foram mentiras e enganos. Estávamos presos… ; por isso fomos forçados a aceitar os pedidos de Torzi e encerrar qualquer tipo de relacionamento com ele”, disse o arcebispo, que disse sentir-se “totalmente enganado” e “ridicularizado”.
Sobre o documento informativo entregue ao papa Francisco
O arcebispo também respondeu sobre um documento de 300 páginas preparado depois que o papa lhe pediu informações sobre a situação em que a Secretaria de Estado se encontrava depois de sua chegada em 2018.
Na “nota”, o arcebispo venezuelano relatou “um negócio complexo e multifacetado” que envolveu “um alto nível de conhecimento técnico financeiro, corporativo e imobiliário”.
Charles Samek, advogado do queixoso, perguntou repetidamente a dom Peña Parra a razão pela qual o documento não citava a “fatura falsa que Torzi enviou ao Credit Suisse“, as referidas transferências de 5 e 10 milhões de libras enviadas para Torzi da Santa Sé para o controle total da propriedade.
“A fatura era falsa, mas insisti, na questão da transação, em colocar ‘equilíbrio final, integral e definitivo’ de todas as nossas obrigações contratuais. Isso estava na minha cabeça”, reiterou o substituto da Secretaria de Estado da Santa Sé.
“Como se deve se comportar com esse tipo de pessoa? Até o fim foram mentiras e enganos. Ficamos presos por causa da situação”, disse o arcebispo durante o julgamento em Londres ontem (4), em interrogatório de mais de duas horas que continua hoje (5).
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