30 de out de 2024 às 10:49
A Igreja na Ucrânia perdeu mais da metade das paróquias nas regiões ocupadas pela Rússia dois anos e meio depois da invasão, disse o bispo greco-católico de Donetsk, Ucrânia, dom Maksym Ryabukha.
O bispo, de 44 anos de idade, disse ao jornal italiano Avvenire que “a situação é cada vez mais preocupante” desde o início da guerra em fevereiro de 2022.
“Já perdemos mais da metade das paróquias. E com o avanço do exército russo, dezenas de outras igrejas foram evacuadas”, disse dom Ryabukha, cuja diocese está parcialmente sob controle russo, dividida por mais de 482 km de trincheiras.
Segundo a mídia italiana, nas igrejas de Pokrovsk, Mirnohrad e Kostiantynivka — áreas tomadas pelas forças russas — não há mais móveis litúrgicos, bancos ou adornos.
O bispo de Donetsk disse que os padres “ficam perto da população e visitam os refugiados que deixaram suas casas”. Em seu caso, dom Ryabukha disse que agora é “um bispo em um momento de dor, drama, injustiça e desamparo”, pois vê sua Igreja sofrendo.
Dom Ryabukha disse que nas áreas ocupadas pela Rússia, “aqueles que se dizem abertamente católicos desaparecem: alguns são baleados, outros são presos. Não há direito de professar livremente a fé. Nossos fiéis continuam a dizer: ‘Estamos resistindo, mas é como estar trancado em uma prisão’”.
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Sobre as experiências dolorosas, o bispo falou sobre a prisão dos padres Bohdan Geleta e Ivan Levitskyi, que ficaram presos por mais de um ano depois de serem capturados por russos em Berdyansk.
Ambos foram libertados em junho deste ano, e dom Ryabukha disse que suas histórias “mostram como o poder da oração é um apoio vital em meio às atrocidades”.
“Nossos dois padres sentiram a proximidade da Igreja que lhes permitiu resistir ao mal, à tortura, à desumanidade que vivenciaram nas celas russas. E é com a oração que também posso estar próximo das comunidades que me impedem de visitar. Todos os dias, peço ao Senhor que os proteja”, disse o bispo de Donetsk.
O bispo, que visita regularmente os soldados ucranianos, disse que muitos deles, antes da guerra, “eram simples pais ou mesmo ex-alunos salesianos”.
“Eles deixaram de lado seus planos para defender o país”, disse dom Ryabukha.
“Sabemos que a guerra vai acabar. Mas todos nós queremos que isso aconteça o mais rápido possível e com paz em nome da justiça”, disse o bispo de Donetsk.
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